Região – Algumas marcas jamais serão apagadas na vida de pessoas que enfrentaram situações adversas, tais como a perda de forma violenta e inesperada de amigos e familiares. Acidentes com mortes estão entre essas situações que até hoje ainda enchem de tristeza inúmeras pessoas na sociedade. O inconformismo, em algumas ocasiões, ainda é maior diante de negligências e mesmo imprudências que acarretam em óbitos. Infelizmente, a RS-239 nos últimos tempos, tem sido cenário de violentos acidentes que alimentam as estatísticas de mortes no trânsito.
O Jornal Repercussão apresenta alguns casos de sobreviventes de colisões na rodovia, familiares de vítimas do trânsito e relatos daqueles que ainda choram a morte de algum ente querido. O casal de aposentados Flávia dos Santos, de 78 anos, e Arceno José dos Santos, 80, moradores de Araricá, ficaram gravemente feridos em um acidente em trecho da rodovia no município de Sapiranga no ano de 2012 e, felizmente, sobreviveram para contar a sua história de superação. Entretanto, ela reconhece que a recuperação teve dias difíceis. “Eu quebrei cinco costelas, o osso do peito e depois ainda tive trombose”, lembra a idosa.
Segundo Flávia, um carro conduzido por um criminoso em fuga cortou a frente de um automóvel Astra que acabou projetado para cima do veículo ocupado pelo casal. A ocorrência aconteceu em um final de tarde em trecho da RS-239, próximo a Vila Irma, em Sapiranga. “Até hoje não sei quem foi, mas só me lembro que alguém abriu a porta e me carregou uns 30 passos me colocando deitada no canteiro até que chegasse o socorro. O Arceno ficou preso às ferragens e demorou ser retirado”, lembra. Flávia entretanto foi que teve complicações em virtude das lesões permaneceu por longos 6 dias na UTI e outros 10 no quarto
Família também ficou ferida
O veículo arremessado era um Astra Sedan ocupado pela família Da Rosa. “Ficamos nós quatro feridos. Eu tive fraturas na coluna e nas pernas, meu marido teve traumatismo craniano e a filha mais nova quebrou o fêmur e a outra o braço”, relata a vendedora Viviane Da Rosa, de 39 anos. “Fiquei 32 dias hospitalizada. Nunca mais esqueci aquele dia 24 de junho de 2012”, disse Viviane, que ainda hoje busca atendimento médico devido as lesões. Ainda segundo a vendedora, o veículo bateu na lateral do carro resultando na colisão que resultou nos diversos feridos. “Até hoje ainda tenho pinos no meu corpo”, lamenta Viviane. Ainda segundo ela, o responsável pelo acidente até hoje não pagou pelos danos causados.
Família sente saudade e pede segurança Família sente saudade
Inúmeros outros acidentes de trânsito com morte aconteceram ao longo do tempo na RS-239 em nossa região. Em diversos deles, condições da rodovia, falta de iluminação, imprudência, são elementos que podem aparecer junto as causas do acidente. Os familiares do ciclista José Auri Machado Jacques, morto em atropelamento na RS-239, em Sapiranga, afirma que a falta de iluminação adequada foi um dos fatores para o acidente em 2017.
Ele empurrava a bicicleta quando fazia a travessia e acabou atingido por um carro no quilômetro 26 da rodovia. O atropelamento aconteceu por volta das 18h 15, de um domingo, em 14 de maio de 2017. “Falta segurança em nossa rodovia e a iluminação era péssima no trecho. Existe a saudade e é preciso que algo seja feito para evitar mais mortes na RS239”, afirma a filha Claudia Vanessa Jacques. Segundo ela, o pai José Auri deixou enlutados cinco filhos e quatro netos. Os relatos carregados de emoção não param por aí. “É uma dor que nunca passa. Minha amiga ainda falou para as pessoas que estavam com ela. Vamos cuidar aqui é perigoso”, afirma uma leitora lembrando de amiga que morreu em um atropelamento em trecho da rodovia.
Manifesto
Uma manifestação popular solicitando intervenções para garantir mais segurança para pedestres e motoristas na RS-239 aconteceu recentemente em Sapiranga. O ato no último dia 5 de março, foi próximo ao retorno do KM-30, no bairro Amaral Ribeiro, dias depois da região registrar três mortes em acidentes de trânsito em menos de uma semana. Os manifestantes bloquearam um sentido da rodovia e o acesso ao bairro por aproximadamente meia hora.
Pedido por mais segurança
No último dia 10 de março, o secretário dos Transportes do Estado, Juvir Costella e o diretorpresidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Urbano Schmidt ouviram as preocupações de representantes da Prefeitura em relação à segurança de motoristas na RS-239. “Obtivemos a sinalização de ações rápidas, como a colocação de um controlador antes do cruzamento da Rua Nações Unidas e reivindicamos um retorno mais seguro como o que existe em Taquara, próximo da entrada da RS- 115”, revelou o secretário municipal de Planejamento, Habitação, Segurança e Mobilidade, Carlos Regla.