Sapiranga – A Defesa Civil de Sapiranga, na noite de 25 de março, entrou em alerta; um incêndio registrado na avenida 20 de Setembro, no bairro Amaral Ribeiro, mobilizou forças de resgate na cidade.
O Corpo de Bombeiros Militar de Sapiranga (CBM) atuou no combate ao incêndio, com o apoio das guarnições de Campo Bom, Araricá, Nova Hartz e Parobé. Não houve registro de vítimas.
O incidente chama atenção a um problema crônico que se estende, pelo menos, desde 2018. Segundo a Defesa Civil de Sapiranga, o proprietário do imóvel já recebeu diversas notificações de moradia irregular no local. “O prédio tem pendências de regularização e existe ação judicial quanto ao fato”, cita trecho de resposta enviada pela Prefeitura ao Grupo Repercussão.
O imóvel não foi construído dentro dos padrões de segurança exigidos pela Legislação, contendo degraus irregulares na escadaria de acesso ao andar superior. Além disso, o prédio não conta com saídas de emergência, tampouco extintores de incêndio.
As chamas iniciaram na churrasqueira de um dos apartamentos do andar superior do prédio. O fogo se alastrou rapidamente para o forro da estrutura, passando a atingir diversas unidades de moradia do local. Dos 40 apartamentos existentes, seis deles, localizados no andar superior, foram atingidos, causando prejuízos às famílias e sentimento de impotência.
Interdição do local
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militares de Sapiranga, o imóvel não possui Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). No setor de Habitação da prefeitura, não há registro de Habite-se, o que configura que o local não seguia a Legislação Municipal.
A recorrência de notificações emitidas pela Defesa Civil de Sapiranga, somada às irregularidades do imóvel, levou à decisão do órgão de interditar o prédio. Os moradores foram notificados e orientados a deixarem o local, como forma de prevenção de uma tragédia futura.
Moradores reclamam
A reportagem do Grupo Repercussão recebeu o contato de moradores do prédio, relatando sobre a situação do imóvel. Segundo os locatários, o prédio apresentava diversas rachaduras e problemas de vazamento de água, afetando os móveis e bens. Ainda, os moradores não estavam cientes das inúmeras notificações de irregularidades enviadas ao proprietário do imóvel, bem como da não observância do Código de Obras e Edificações.
A reclamação dos moradores, contudo, é pela falta respaldo do locador dos apartamentos aos locatários, que precisam desocupar os imóveis. Além de muitos não terem condições financeiras de encontrar outra moradia imediatamente, as famílias que foram atingidas pelo incêndio perderam a maioria dos móveis e bens que possuíam.
Segundo a Defesa Civil, a interdição parcial do prédio, em conjunto com o CBM e os setores de Habitação e Engenharia, se fez extremamente necessária para evitar uma tragédia, já que o imóvel possui riscos estruturais. O Ministério Público irá abrir um processo para realizar a interdição total do imóvel.
Por Mairan Pacheco