Região – Ao mesmo tempo que o acesso à informação tem se tornado cada vez mais fácil à população, também tem crescido de forma assustadora as chamadas “fake news”, ou seja, as notícias falsas. Neste período de campanha eleitoral, a situação se torna ainda mais agravante e casos já tem ido para em delegacias, inclusive da região. Criar notícias falsas para denegrir o opositor, assim como repassá-las sem qualquer pudor, é crime. Uma das orientações para os eleitores é buscar fontes confiáveis e não apenas conferir informações em sites e links duvidosos, dos quais não se sabe a origem. Para quem produz as notícias que denegrem a imagem, qualquer pessoa pode procurar uma delegacia para fazer a denúncia.
Visando coibir essa prática, campanha estão sendo promovidas, inclusiva, há cerca de 10 dias, a Famurs lançou um material informativo à população da região.
Há poucos dias, por exemplo, uma situação chegou a virar caso de polícia em Parobé. Uma candidata foi flagrada distribuindo material denegrindo a imagem do candidato à prefeitura da oposição.
Boatos que difamam
Os motivos para que sejam criadas notícias falsas são diversos. Em alguns casos, os autores criam manchetes absurdas com o claro intuito de atrair acessos aos sites. No entanto, as fake news podem ser usadas para criar boatos e, por meio de mentiras, prejudicar pessoas comuns, empresas e políticos.
Delegado diz que situação está mais crítica neste ano
O delegado Fernando Branco, que responde pela Delegacia de Polícia de Sapiranga, também faz um alerta para as chamadas fake news. Não somente em período, mas durante todo o ano, a Polícia Civil tem sido acionada para atender ocorrências relacionadas às notícias falsas, difamação e denegrindo a imagem de outra pessoa, muitas vezes, de forma proposital. “A pessoa sabe que aquilo não é verdadeiro e, mesmo assim, segue cometendo o crime de disseminar, de difamar. Com certeza, no período eleitoral, percebemos que a situação agrava, mas ao longo do ano também temos casos relacionados a isso”, disse ele, reiterando que a prática é crime e também exige que a equipe de agentes acaba tendo que se envolver para investigar e averiguar essas situações, momento em que poderia estar focada no trabalho de rotina da investigação, como elucidação de roubos, homicídios e o próprio combate ao tráfico de drogas, que tem tido uma forte atuação da Polícia Civil em Sapiranga. “O que também percebemos é que neste período eleitoral, a situação está bem mais complicada, se compararmos com o último pleito no município”, chama a atenção o delegado.
Campanha da Famurs visa combater a disseminação nas cidades da região
A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul lançou no último dia 24, uma campanha contra Fake News durante o período eleitoral. Com a campanha, foi apresentada ainda uma cartilha jurídica com manual para combater as notícias falsas, que será distribuída aos prefeitos e candidatos. Além disso, a federação trabalha com o envio de peças publicitárias, destinada aos 497 municípios e promovendo ainda um trabalho de produção de conteúdo para as redes sociais.
Para o presidente da Famurs, Maneco Hassen, a campanha propõe uma transformação no cenário da disseminação de notícias falsas aumentando a cada dia. “Em um cenário com eleições e pandemia, é extremamente relevante pensar em formas de combater a debandada de informações falsas, principalmente nas redes. Nossa campanha tem o objetivo de contribuir para um período de eleições que valorize a democracia e o compromisso com a verdade, fator importantíssimo para a escolha dos próximos representantes de cada município”, destacou. O assessor jurídico da Famurs, Rodrigo Westphalen, conta que o projeto partiu de pesquisas dos prefeitos representados pela entidade, que trouxeram demandas e denúncias de violação de direitos à esfera de proteção dos candidatos. Diante do cenário, a Famurs decidiu promover a campanha de combate às notícias falsas, trazendo pessoas da comunidade rio-grandense para tratar do tema. “Pensamos em áreas diferentes, trazendo cada um de uma esfera, montando um projeto que tem o objetivo de amenizar essa problemática que causa tanta desinformação e acaba violando o princípio democrático”, conta Rodrigo.
Verificar a veracidade
O comandante do 32º BPM, tenente-coronel Ailton Iaruchewski, ressalta que em todas as ocorrências, inclusive se tratando desses casos, a Brigada Militar tem por padrão verificar a veracidade. “Logicamente, há situações que a ocorrência não existe, é apenas brincadeira de mau gosto”.
No que diz respeito a crimes eleitorais, a BM tem por “hábito seguir o que está na legislação. Se temos dúvidas, entramos em contato com a juíza eleitoral do município. Como instituição, que tem por hábito garantir a segurança e manutenção da ordem público, vamos sempre procurar agir como impõe a lei. Se é ilegal, vamos tomar providência”, explica o comandante.
Ainda em respeito a crimes envolvendo a lei eleitoral, se tratando de flagrante, a Brigada Militar segue os trâmites como de outros crimes do seu cotidiano. O acusado, se flagrado cometendo irregularidades, será detido e encaminhado para a Polícia Civil do município e sofrerá as sanções penais da Lei.
Caso foi parar na polícia em Parobé
Há cerca de uma semana, uma candidata a vereadora foi denunciada e encaminhada para a Delegacia de Polícia de Parobé distribuindo material que criticava a atual administração. Ela foi detida pela Brigada Militar no Centro da cidade e, posteriormente, levada à DP.
O atual prefeito, Diego Picucha, que também é candidato e foi o alvo do material, ficou indignado com a situação e usou suas redes sociais para se manifestar contra a prática. Para ele, a mulher está sendo usada para denegrir sua imagem e campanha.
A acusada foi ouvida na delegacia e, posteriormente, liberada. Segundo delegado Gustavo Menegazzo da Rocha, a situação não se trata de flagrante e, no dia, não havia ainda imputação de crime, houve apenas registro e depoimento da mulher. “Foi analisar depoimento e material”, diz ele.