Sapiranga – Quase 80 trabalhadores demitidos, recentemente, da Paquetá The Shoe Company, na unidade de Sapiranga, participaram de uma reunião na manhã da última sexta-feira (28), na sede do Sindicato dos Sapateiros.
O presidente da entidade, Júlio Cavalheiro, informou ao grupo que não tinha boas notícias. “Na verdade, a Paquetá jogou uma bomba em nosso colo. Não temos um prazo para que os trabalhadores demitidos recebam todos os seus direitos trabalhistas, já que a empresa entrou em recuperação judicial e o acerto entrou para as dívidas”, disse.
Muitos dos presentes no auditório ficaram apreensivos, já que ainda não tinham recebido o salário do mês e nem o valor da rescisão. Os participantes encaminharam as guias para o saque do FGTS ao fim da reunião. Agora, os 74 ex-funcionários devem habilitar os processos para solicitar, na Justiça do Trabalho, os demais direitos adquiridos no vínculo empregatício com a empresa trabalhista.
Os representantes da Paquetá foram convidados, entretanto, não participaram da reunião no Sindicato. “Trabalhava seis anos e meio e em nenhum momento imaginei isso. Agora ainda tem o risco dos fornecedores receberam antes de nós”, disse a técnica de calçados, Marli Vasen, de 55 anos.
Um protesto em frente aos portões da Paquetá também foi feito ao meio-dia daquela sexta-feira.
Dívida de R$638,5 milhões
O pedido de recuperação judicial da Paquetá The Shoe Company foi apresentado no dia 24, às 22h, na comarca de Sapiranga. O valor das dívidas, coberto pela proposta, é de R$638,5 milhões. O processo foi aberto após 10 meses de preparativos e trabalho realizado pelo grupo que assessora a empresa, formado pela Carpena Advogados (coordenador jurídico do projeto), Galeazzi (advisor financeiro) e o escritório de advocacia João Pedro Scalzilli (responsável pela condução processual).
A defesa confirma que os casos são anteriores à recuperação judicial e que agora está legalmente impedida de realizar qualquer pagamento fora do plano que será apresentado. O pagamento da folha e dos empregados continuaria sendo uma prioridade para a Paquetá.
A recuperação judicial proposta, segundo Carpena, figura como mais um passo, de um plano maior de ação, para permitir que o Grupo supere algumas dificuldades pontuais e rapidamente volte a superar seus próprios números.
Novas demissões não estão previstas em nenhuma das unidades. Ao todo, foram 600 desligamentos ocorridos em todo Grupo.
Texto e fotos: Fábio Radke