Comentário: O deficiente visual na sala de aula

Foto: Arquivo JR

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014), atualmente, 285 milhões de pessoas no mundo possuem deficiência visual; destas, 39 milhões são cegas e 246 milhões possuem baixa visão. Embora o estigma de desvantagem e de desvalorização tenha marcado a história das pessoas com DV, hoje se vive um momento em que essas pessoas vivenciam o auge de sua inclusão social, participando minimamente de todas as esferas (social, educacional, cultural etc.). Porém, ainda há muito a conquistar para garantir o pleno acesso das pessoas com deficiência visual na sociedade.

A disseminação do conhecimento acerca das potencialidades dessas pessoas é essencial para que mitos sejam desmistificados. Nesse contexto, o foco é apresentar os principais conceitos relacionados à deficiência visual no que diz respeito às legislações específicas, aspectos históricos e educacionais, com o intuito de ampliar as discussões sobre essa temática.

Santos e Sakaguti (2011, p. 19) ressaltam que “a deficiência visual é uma deficiência caracterizada como sensorial”. E, ainda, para Bolonhini Júnior a deficiência visual, que pode ser perda parcial ou total da visão, é em caráter definitivo. Para fins de melhor compreensão, Gambarato et al. (2012, p. 7) classificam a visão normal se referindo “ao desenvolvimento correto do trabalho dos dois olhos, que assim juntos, são aptos a projetar sobre a retina a imagem nítida de objetos próximos a eles quanto a objetos que se encontram distantes deles”. Vários dos autores pesquisados dividem a deficiência visual em visão subnormal (ou baixa visão) e em cegueira.

Visão subnormal ou baixa visão

Segundo Gambarato et al (2012), este é o tipo da deficiência visual em que a pessoa possui uma capacidade parcial de ver, mas esta visão parcial não o limita (tanto) na execução de tarefas diárias. Já Díaz et al (2009) diz que esta classificação é dada quando o indivíduo tem a capacidade de enxergar prejudicada por fatores que limitam sua visão em alguns ou em vários aspectos. E Carvilhe, Trevisan e Strujak colocam que a pessoa que possui baixa visão sofreu alteração na capacidade funcional da visão em função de muitos fatores que podem estar isolados ou não. Acerca da maneira de educá-los, Díaz et al (2009) defendem que a pessoa com visão subnormal deve ser educada por meio da visão. Assim a pessoa que sofre de baixa visão utiliza-se de recursos e tecnologias assistivas que ampliam a imagem ou texto para que esta possa ver.

Cegueira

De acordo com Gambarato et al (2012) este é o grau mais severo desta deficiência sensorial. A pessoa cega possui a perda total da visão ou, ainda, perda da percepção da luz. Em alguns casos esta pode ser suavizada, permitindo ao indivíduo certa independência, por meio de tratamentos oftalmológicos, por meio do uso de tecnologias assistivas e novas formas de aprendizado. Já para Bolonhini Júnior esta perda da capacidade de enxergar é de caráter definitivo, não podendo ser amenizada com o uso de lente ou tratamento.
A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta, de modo irremediável, a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente (BRASIL, 2007, p. 15).

Principais causas de deficiência visual

Segundo esses mesmos autores, o Brasil é considerado um país de desenvolvimento em fase intermediária. Porém, na prática, nota-se que as principais causas não se relacionam a esse nível de desenvolvimento; pelo contrário, relacionam-se com as causas de países pouco desenvolvidos. Além disso, Rodrigues (1997) também constatou, a partir da análise de outros estudos, que as principais causas de deficiência visual no Brasil são semelhantes às dos demais países da América Latina.

Diagnosticar precocemente a deficiência visual é primordial para que o desenvolvimento da criança não seja prejudicado. Sendo assim, cabe ao professor estar atento aos sinais que podem estar relacionados a algum tipo de deficiência visual. Nesse sentido, segue abaixo, os principais sintomas e/ou comportamentos mais recorrentes apresentados pelo estudante com baixa visão, cabendo ao professor estar atento a eles:

Professora Especialista Sandra Bereta