Após prisões de pai e mãe, tio também é acusado de estuprar meninas em Sapiranga

Tio foi preso preventivamente pelo estupro das duas irmãs em Sapiranga (Fotos: Melissa Costa)

Sapiranga – A Polícia Civil de Sapiranga conseguiu colocar fim a uma sucessão de estupros cometidos contra duas irmãs menores de idade no círculo de convívio da própria família. Este foi um dos casos mais cruéis e chocantes de abusos sexuais já registrado em Sapiranga.

Após a prisão do próprio pai, acusado de reiterados estupros contra a filha, e da mãe por conivência, agora a Polícia Civil prendeu o tio da menina. Ele é acusado de estuprar a sobrinha, atualmente com 14 anos, e também a sua irmã, de apenas sete anos. O mandado de prisão preventiva foi cumprido na semana passada e, assim como o pai e a mãe, o tio também está no presídio. As crianças, por sua vez, conforme o delegado Fernando Branco, que coordenou a investigação, agora estão acolhidas e protegidas. Os nomes dos acusados, assim como maiores detalhes da família, não estão sendo divulgados para a própria proteção das crianças, conforme estabelece o Estatuto da Criança do Adolescente (ECA).

 

GAROTA SE IMPÔS PARA PROTEGER A IRMÃ PEQUENA


A menina mais velha foi vítima de estupros dos 11 aos 14 anos. Conforme apontou a investigação, os crimes eram cometidos em casa rotineiramente, dia sim dia não. A mãe, por sua vez, sabia dos abusos e não tentou intervir. Na época, pouco antes das prisões no mês de julho, a mãe chegou a ameaçar sua filha de morte e tentou persuadir a polícia dizendo que a menina sofria de problemas mentais.
Após a prisão dos pais, a Polícia Civil voltou a receber informações e apurou que, além do pai abusar da filha mais velha, o tio passou a saber dos crimes cometidos e começou a chantagear a garota, dizendo que se ela não mantivesse relações sexuais com ele, iria contar dos abusos perpetrados pelo pai a todos. Diante das chantagens, a menina cedeu e passou a ser abusada também pelo tio. Um tempo depois, a garota flagrou o tio abusando da irmã, de sete anos. Neste momento, ela se impôs e disse que protegeria a pequena.

“Fato pavoroso”, diz delegado Branco 

O abuso sexual reiterado pelo pai com conivência da mãe, e depois do tio não chocou somente a comunidade em geral, mas também é um caso que repercute entre as forças de segurança. O delegado Fernando Branco diz que “certamente foi um caso chocante porque no contexto em que aconteceram as prisões, se nota uma normalização do abuso sexual dentro dessa família, o que por si só é um fato pavoroso. Então, o fato de termos prendido os abusadores, certamente ajuda no sentido em que as crianças foram retiradas desse contexto e os abusadores serão punidos”, destacou ele.
Uma das principais formas de conseguir proteger crianças vítimas de estupros é a denúncia. Ela pode ser feita na sua cidade, seja na Brigada Militar ou Polícia Civil. A maioria dos casos costuma ser denunciado por pessoas ligadas às vítimas, sendo que na infância grande parte dos estupros também é cometida por pessoas que deveriam proteger a criança e têm a sua confiança.

CRIANÇA ERA SILENCIADA PELO ABUSADOR COM ENTREGA DE DOCES 

A menina de sete anos narrou os crimes cometidos pelo tio. Conforme apontado pela investigação, para calar a criança, o acusado usava da condição financeira difícil da família. Após os abusos, presenteava a garotinha com balas, doces e refrigerante, que eram itens incomuns na rotina dela. Com isso, o tio conseguia manter a criança sem que ele denunciasse. A investigação também obteve provas através de laudos periciais e, de imediato, o delegado Branco pediu a prisão do acusado, que foi deferida pela Comarca de Sapiranga.
Detalhes sobre o endereço da prisão também não serão divulgados para manter a preservação da identidade das meninas abusadas.