Municípios estudam ações para evitar novas tragédias

No jeitinho | Prefeituras se mostram despreparadas em situações de emergências em quadras públicas

Região – Aconteceu de novo. Primeiro, foi o jovem campo-bonense, Gustavo Garcia (na época com 19 anos), que faleceu durante um jogo de futebol em Campo Bom, em 2012. E o que era para ser um fato isolado nos campeonatos esportivos da região organizados pelas Prefeituras, voltou a acontecer, desta vez, no Ginásio Nenezão, em Sapiranga.
Durante o jogo Chelsea x Corinthians, válido pela fase classificatória da Copa Verão 2015 na segunda-feira (2), Gustavo de Jesus, 23 anos – conhecido também por Rentería – sofreu uma parada cardíaca durante o jogo e acabou morrendo. Pessoas que estavam no Ginásio relataram que o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), demorou para chegar.
O episódio no Ginásio Nenezão evidencia um problema muito mais abrangente, que é o planejamento de socorro médico, caso uma situação grave venha a ocorrer.
Para entender quais são os procedimentos adotados pelas Prefeituras, os secretários de esportes e diretores municipais que organizam estas competições foram ouvidos pela reportagem. E os dados levantados são preocupantes. Nenhuma das prefeituras está preparada para atender de prontidão os atletas que passarem mal. “Se um atleta passar mal, ligamos para a ambulância do município”, confidenciou o diretor de esportes de Nova Hartz, Carlos Haag. “Nossa vantagem é que o ginásio de Araricá fica em frente do Posto de Saúde do Centro”, explicou Lucas Rost, secretário de Esportes arariquense.
Secretários e diretores comentam o episódio
Posto em frente ao ginásio
Lucas Rost, secretário de Esportes de Araricá, admite que os jogos esportivos promovidos pelo Município carecem de um acompanhamento. “Nas finais, contamos com uma ambulância para os casos extremos”, explica. Nos últimos anos, a Secretaria registrou fraturas de nariz, perna e pé, situações que necessitaram de atendimento especializado. “A maioria do pessoal que joga não faz exame. Vou pedir uma agenda com a Secretaria de Saúde para reavaliar o que podemos fazer e avançar”, cita.
Ambulância fica de Sobreaviso 
Em Nova Hartz, a realidade não é muito diferente. O diretor de Esportes, Carlos Haag, explicou que a Unidade Básica de Saúde de Pronto Atendimento fica de sobreaviso durante os jogos. “Quando algum jogador bate a cabeça, quebra um membro, temos o atendimento imediato”, comenta o diretor. Entretanto, o diretor ressalta que a ambulância fica junto da quadra ou do campo mesmo, nos jogos decisivos como as finais. “Pediremos para um enfermeiro orientar os atletas que participam dos campeonatos”, disse.
Campo Bom com Ambulância na Final
Um dos municípios que mais organiza eventos esportivos é Campo Bom. “Temos a consciência de que é muito difícil manter uma ambulância por horas em uma competição”, revela o secretário de Esportes e Lazer, João Carlos e Silva (o JC). O secretário disse que todos os membros da Secretaria possuem os telefones dos motoristas das ambulâncias e em casos urgentes, o contato é feito. “Contamos com ambulâncias na final. Procuramos trabalhar a conscientização dos atletas para realizarem check-up médico”, conta.
Estratégia muda em Sapiranga
No início da segunda fase na noite da quarta-feira (4), a Prefeitura de Sapiranga, por precaução, disponibilizou uma equipe para atender possíveis emergências. “O que aconteceu foi uma fatalidade. Quem participa precisa estar 100%. O prontuário mostra que o Gustavo foi atendido em sete minutos”, comenta o secretário de Cultura e Desporto, Luís Fernando Hanauer. O secretário disse ainda que pretende convocar os líderes das equipes para orientá-los sobre cuidados básicos que os atletas precisam ter.
Socorro no local é regra
Em contato com a Federação Gaúcha de Futsal (FGFS), o responsável pelo Departamento de Competições, Marlon Vasmann Gonçalves, disse para o Repercussão que nenhum jogo organizado pela federação ocorre sem a presença da Brigada Militar e de uma equipe de socorristas, além é claro, da ambulância. “Tivemos em 2012, um episódio de um homem de 35/40 anos, que passou mal durante o aquecimento. A ambulância socorreu o atleta e logo depois, o jogador acabou morrendo no hospital”, recorda Marlon.
Atenção básica

O diretor da federação disse que a entidade não pode impor regras em competições organizadas pelas prefeituras e cada município deve ter seus próprios regulamentos, exigências e regras para que episódios como este não ocorram rotineiramente.