A alfabetização nos anos iniciais da vida escolar é fundamental para qualquer criança. Isso, porém, pode não ser tão facilitado se alguma dificuldade impede a progressão normal do aprendizado. Mas a perspicácia de professores permite que essas crianças tenham um caminho de estudos bem mais facilitado.
Um exemplo ocorre em Campo Bom, na Escola Municipal Adriano Dias, no bairro Cohab Leste. A aluna Agnes Schelle Forsch está com sete anos e cursa o segundo ano do ensino fundamental. Ela convive com uma perda auditiva progressiva. Para que seu aprendizado não seja prejudicado, ela tem um anjo da guarda em sala de aula: a professora Marcia Gislaine Selzlein Rambo.
A educadora acompanha Agnes praticamente de forma ininterrupta desde a educação infantil e, com formação na Língua Brasileiras de Sinais (Libras) ela permite que Agnes possa evoluir em seu aprendizado. “Eu conheci a Agnes na educação infantil, ficamos sabendo da deficiência dela e eu vi que a Libras seria o caminho para ela aprender e, aí, comecei a estudar. Fui começando a ensinar Libras não só para ela, mas para a turma toda, pois para mim não tinha sentido ela apreender Libras e não ter com quem se comunicar”, cita a professora. “Eu comecei a ensinar os sinais do cotidiano, sempre da realidade deles. O dia que eu percebi que estava certo foi quando um colega esbarrou nela e não pediu desculpa, ele sinalizou desculpa e ela foi correndo e o abraçou e chorou, porque ela se sentiu pertencente. Desde então foi fluindo”, lembra a educadora.
Desenvolvimento em conjunto
Quando Agnes chegou ao ensino fundamental, ela seguiu sendo acompanhada pela professora Marcia e, novamente, o trabalho seguiu sendo desenvolvido para toda a turma. “Quando eu cheguei aqui na escola, eu cheguei com o propósito de não ensinar só para a Agnes, mas sim de fazer um trabalho em conjunto com a outra professora”, explica Marcia que detalha ainda que, juntamente com a outra professora, as atividades do currículo são adaptadas para Libras. “Isso acaba envolvendo outros alunos de outras turmas também. Tudo a gente utiliza Libras”, acrescenta Marcia.
Trabalho de forma lúdica
O ensino da Língua Brasileira de Sinais exige algumas peculiaridades para garantir que o processo seja satisfatório. “Eu procuro trabalhar sempre de forma lúdica, porque eu trabalho com crianças ouvintes, então precisa ser de uma forma que chame a atenção, que desperte o interesse deles em aprender”, ilustra Marcia. “Tem que ser algo que desperte a curiosidade, então a gente procura o movimento, a ludicidade”, completa a professora.
Essencial para o futuro
Com emoção em contar a evolução da aluna, a professora enaltece sua contribuição para o futuro de Agnes. “É uma gratificação que não tem tamanho. Eu acho que vai ser essencial para o futuro dela. Hoje, a Agnes sabe tanto Libras como ela está dominando o português, ela está em progressão”, menciona Marcia. “Tanto ela quanto os outros estão em um ensino bilíngue”, finaliza a educadora.