Há 25 anos, Araricá vive uma saga interminável para ter água tratada

Araricá – Há sete eleições consecutivas os arariquenses convivem com a promessa de que, um dia, terão água encanada em suas casas. Parece algo banal para moradores de Campo Bom e Sapiranga, mas a poucos quilômetros dessas duas cidades, existe um município que ainda está parado no tempo quando o tema é saneamento básico. Torneiras secas e àquelas que têm água, possuem abastecimento, justamente, por buscarem meios próprios, que neste caso, é contratando uma empresa para perfurar um poço artesiano. O custo se torna alto e é necessário investir cerca de R$ 1.800,00, ou R$ 17,00 o metro perfurado.

Um grandioso projeto para implantar 30 quilômetros de redes de água em toda a área urbana do município foi captado, no segundo mandato do atual prefeito, Flávio Foss. Mas, passados mais de oito anos, há de se admitir que etapas até andaram, mas ainda, o fundamental, que é o acesso a água, está longe de ocorrer.

 

A Caixa Econômica Federal informou que o projeto de implantação do Sistema de Abastecimento de Água, em Araricá, está em andamento e que estão pendentes de finalização a instalação de hidrômetros (ligações domiciliares). A Caixa informou ainda que são necessários ajustes no projeto, pois foram executados de maneira diferente do projeto original, e falta ainda a apresentação de relatórios comprovando a realização do trabalho social.

 

Até o momento, o Governo Federal repassou via Caixa, ao município, R$ 6.692.669,40, sendo que o quadro de composição de investimento desta operação prevê que ainda sejam investidos R$ 582.663,10. Para esse valor ser liberado, é necessário a comprovação da execução das obras e o trabalho técnico social.

Prazo final em abril de 2021

A última vistoria nas obras de implantação do sistema de abastecimento de água, em Araricá, por engenheiros da Caixa Econômica Federal ocorreu em 12 de março de 2020. Com diversos pedidos de prorrogação do convênio, agora, a obra possui prazo de conclusão para 30 abril de 2021. Enquanto isso, moradores possuem dificuldades para ter acesso à água tratada e para o consumo diário.

O Ministério do Desenvolvimento Regional explicou que o repasse da União já foi integralmente realizado (100%) na conta vinculada do Município. Até o momento, foi desbloqueado 91,9% do valor, implicando um saldo em conta de 8,1%. Em vistoria dos engenheiros da Caixa, foi constatado que incorreções, gerando uma glosa (retenção de valores) de R$ 910.000,00. Serviços executados de forma diferente do projeto ainda estão em fase de correções pelo município e a empresa contratada.

A Prefeitura de Araricá e a Engeporto não se manifestaram até o fechamento desta matéria.

Perfurar poço é opção

Mauro Schmidt reside em Araricá há 30 anos. Nasceu e se criou no município. Profissional do ramo de perfuração de poços artesianos, um de seus primeiros trabalhos ocorreu na Martim Raschke: “Esse foi o primeiro poço que perfurei, com 80 metros de profundidade. Outros, chegamos a perfurar até 130 metros para encontrar água”, exemplifica Mauro, dizendo que, em Sapiranga, por exemplo, consegue poços com 68 metros dependendo da região.

Na própria casa de Mauro existe um poço artesiano, perfurado por ele mesmo. No seu entendimento, é triste ver que o município ainda não possui água para todos: “É lamentável a quantia de dinheiro que foi desperdiçado nesse projeto. A gente vê que não foi pouco dinheiro, e essa água, está indo pelo ralo e a maioria do pessoal está sem água. Não sei qual é o problema real disso, mas todos percebem que tem problemas, especialmente, nas redes de água”, analisa o perfurador de poços artesianos, Mauro Schmidt.