Sapiranga – Segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos municípios – CNM, no ano passado, desde o início da pandemia de Covid-19, os casos de violência doméstica aumentaram cerca de 20% nas cidades brasileiras.
Esses dados alarmantes estão na rotina da equipe do Centro de Referência e Atendimento à Mulher Alzira Valesca Lampert Fett, de Sapiranga. O trabalho é intenso e o grupo, formado por assistente social, psicóloga, auxiliar, entre outras parcerias, trabalha incessantemente para acolher mulheres vítimas de violência. “Acontece em todas as classes, com a pandemia aflorou ainda mais a violência e violência séria. Neste Natal e Ano Novo, dos oito anos que eu estou aqui, acho que foi o pior em termos de encontrarmos mulheres em estado bem crítico”, lamenta a coordenadora Maria Izabel do Carmo.
Em meio a este aumento nos casos, uma boa notícia. Devido ao destaque do projeto Envelope Cor-de-Rosa, a Coordenadoria da Mulher de Sapiranga recebeu recursos do Governo do Estado para realizar uma reforma no espaço e viabilizar serviços como cursos de capacitação. A obra está em fase de licitação.
Coordenadoria da Mulher presta auxílio psicológico, jurídico e ajuda a abrigar vítimas de violência
O esforço é para que as mulheres sintam-se amparadas e não voltem à situação em que estavam. Para isso, é preciso combater a dependência financeira, o que a reforma do Centro vai ajudar a proporcionar.
“Estamos empenhadas em fazer elas estudarem, se qualificarem. Agora, com essa reforma, teremos espaço pra botar computadores pra elas aprenderem até mesmo a se inscrever nos trabalhos. Pra elas se sentirem mais fortes e acreditar nelas. A gente tem que trabalhar muito a autoconfiança”, comenta Maria.
A reforma prevê ainda melhorias no telhado, novas salas, pintura e ampliação dos espaços de convivência.
Conscientização é importante
Inspirada em um projeto de Caxias do Sul, que reduziu mais de 50% dos casos de violência doméstica, a Coordenadoria da Mulher deve começar nos próximos meses um trabalho direcionado aos agressores.
“Muitas vezes a violência psicológica é praticada sem a noção do que está acontecendo, simplesmente o homem e a mulher acham que aquilo é o normal, o que gera um ciclo nos filhos”, alerta Maria.
Projeto envelope cor-de-rosa
O projeto que ganhou destaque a nível estadual e visa a colocação das mulheres atendidas pela Coordenadoria no mercado de trabalho é o Envelope Cor-de-Rosa. Através de uma parceria com a Secretaria de Indústria e Comércio, é realizado o intermédio com empresas da cidade. “Fazemos o atendimento, ela passa pela assistente social, pela psicóloga e, então, é analisado se encaixa naquela vaga e encaminhamos para a empresa. A Paquetá Calçados já tem algumas mulheres que encaminhamos lá. Elas fizeram o curso do Senai, pra aprender tudinho e já estão trabalhando com carteira assinada e estão muito felizes. Essa é uma porta que se abre para elas terem coragem e não voltarem para a antiga vida”, salienta a coordenadora Maria do Carmo, que comenta “o que nos fortalece é o trabalho em rede: secretarias, Brigada, Civil, Fórum. Todos unidos para ajudar”.
