Advocacia Humanizada

Reflexões sobre a forma de atuar na advocacia costumam emergir fortemente nos aniversários de formatura. Neste mês de agosto, golpeada pelos 25 anos de exclusiva atuação como advogada, peço licença para discorrer brevemente sobre a advogada humanista que penso ser. Formada em 1998, pela UNISINOS, absorvi durante toda a graduação o sentimento forte da lide e do embate para atuar na área jurídica. Preparava-me para uma espécie de selva onde só o mais habilidoso venceria. Nesse imbróglio, o cliente orbitava como mero contratante do trabalho jurídico a ser executado. Ledo engano. Com o passar dos anos é cristalina a necessidade de descer do palco técnico e humanizar a profissão trazendo mais empatia no trato com o cliente, compreendendo as angústias e direcionando o conflito para a resolução menos burocrática e desgastante. Por óbvio, não se trata de pessoalizar a causa e tudo sentimentalizar, mas personalizar o atendimento de forma humanizada lastreada de tato e escuta. O advogado não é apenas um frio esclarecedor de dúvidas e formatador de petições. Somos a porta de entrada para onde e como o caminho seguirá. Dessa forma, teremos a certeza que a advocacia jamais será substituída por programas robóticos que despejem petições e recursos prontos sem cotejar todo o contexto humano para a melhor resolução dos conflitos. Gostar de pessoas é o segredo da profissão.

 

Aline Cristina Martins Fernandes, advogada, inscrita na OAB/RS 45.800, pós-graduada em direito penal e processual penal lato sensu, vice-presidente da OAB Subseção Sapiranga e membro das comissões subseccionais CDSG e CAJ.