A recente Black Friday inaugurou um dos períodos mais lucrativos para o comércio brasileiro até o Natal. Oferecendo descontos de até 80%, estimulou a população a comprar de forma impulsiva e impensada. À medida que tem crescido o incentivo ao consumo em escala mundial, tem-se mostrado fundamental a difusão do chamado consumo consciente, comportamento que leva em conta questões como preço e qualidade de um produto, mas também os impactos de sua compra para o consumidor, a sociedade e o meio ambiente. Para consumirmos de modo consciente, precisamos refletir sobre o que nos move a comprar. Uma real necessidade a ser atendida? Um vazio a preencher? Uma insatisfação a maquiar com a alegria efêmera que uma aquisição nos proporciona? Se para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve, como ouviu Alice nos País das Maravilhas, o mesmo vale para nós: quando não sabemos o que queremos, qualquer produto serve. Além disso, devemos nos questionar sobre os impactos da compra, do uso e do descarte do produto para o meio ambiente, que tem sofrido com o consumo exagerado, e para a sociedade, pensando sobre as relações de trabalho envolvidas em sua produção e os hábitos de consumo que estamos promovendo especialmente nas crianças, mais vulneráveis nessa fase de intensas aprendizagens e de formação de valores para a vida. Equilibrando nossa satisfação com os efeitos do consumo, é possível celebrar o Natal com maior economia, menor impacto ambiental e promover uma sociedade mais justa e consciente de si e de sua conexão com todos os seres do planeta.
Luciene Geiger,
Psicóloga, Mestranda em Educação