Tenho a imunidade baixa. Será mesmo? Por Dr. Rafael Sprandel Missio

Região – Frequentemente ouvimos as pessoas dizendo para outros que têm a imunidade baixa, pois ficaram resfriadas, tiveram um episódio de dor de garganta ou de ouvido, ou até mesmo porque estão muito magras. É comum ouvirmos no consultório médico os pacientes dizendo que estão sempre resfriados e, por isso, gostariam de fazer exames laboratoriais para ver como está a sua imunidade. Volta e meia também pedem que seja prescrito suplementos à base de vitaminas para melhoras as defesas. Então nos perguntamos: será que estas pessoas têm a imunidade baixa como dizem? Estariam elas certas? Para responder a questão é preciso entender quais são as doenças que realmente causam imunidade baixa, também chamada de imunossupressão (“imuno” = imunidade, “supressão” = baixa). Na medicina, consideramos os pacientes com as defesas baixas somente aqueles portadores de HIV e sem tratamento, que submeteram-se a algum transplante, como coração, rins, pulmões e que, para evitar rejeição devem tomar medicações que baixam a imunidade, aqueles que fazem quimioterapia e radioterapia para tratamento de câncer e aqueles que usam medicamentos para o reumatismo. Estes são verdadeiramente imunossupressos e devem estar sempre atentos aos primeiros sinais de infecção (febre, tosse, etc…), já que seus organismos estão, de certa forma, menos protegidos contra os germes que nos rodeiam. Assim sendo, tornam-se fundamentais as vacinas para esta população, pois é uma grande arma contra infecções freqüentes. Mas e o resto da população? Bom, podemos considerar também como imunossupressos em um grau menor aqueles com mais idade, portadores de diabetes, pressão alta, obesos, fumantes com bronquite e enfisema, ou seja, aqueles com doenças crônicas. Obviamente que quanto melhor a pessoa cuidar destas doenças, fazendo seu tratamento corretamente e deixando-a bem controlada, menor são as chances de complicações infecciosas. Para estes, as vacinas também são fundamentais para a proteção extra contra vírus, bactérias e outros. Para o resto da população, considerados imunocompetentes (“imuno” = imunidade, “competente” = normal), com suas defesa adequadas, o fato de estarem gripados ou resfriados, com diarreia ou dor de barriga, dor de garganta, etc…deve ser tratado como algo normal e corriqueiro podendo ser tratado com as medicações comuns que estamos acostumados a usar, os ditos sintomáticos (para febre, para dor, para náuseas) e eventualmente algum antibiótico. O que quero dizer é que todas as pessoas com a imunidade normal têm o direito de ter alguma virose pelo menos uma a duas vezes por ano, mulheres com infecção urinária até duas vezes por ano, entre outros. De qualquer forma, para todas as pessoas, tendo a imunidade boa ou não, é fundamental a prática da boa higiene, como lavar as mãos com freqüência, cobrir a boca ao tossir, manter-se limpo, hidratado e bem alimentado, abandonar hábitos como fumar e ingerir bebidas alcoólicas, manter o peso, fazer exercícios físicos com regularidade, vacinar-se e fazer a revisão médica ao menos uma vez ao ano. Desta forma estaremos auxiliando nosso organismo na proteção contra agentes agressores. Mas e as vitaminas afinal? Servem para melhorar a imunidade? Este assunto é bastante controverso. Parto do princípio de que se a pessoa não faz nenhuma restrição alimentar, não é vegetariano ou vegano, por exemplo, e come de tudo que nosso organismo necessita, não há a necessidade de suplementação com vitaminas. Agora, ingerir todos os nutrientes que nosso corpo necessita às vezes pode ser desafiador. Assim sendo, talvez haja espaço para o uso destes suplementos. De qualquer forma, consultar o nutricionista sempre é o mais adequado. Este é o profissional que tem as condições de orientá-lo quanto a uma alimentação balanceada e que possa auxiliar na melhora da nossa saúde.