Artigo de opinião: Mais um pouco sobre felicidade

Por Marco Casssel | palestrante@marcocassel.com.br

Interessante pensar que desejamos algo que não conhecemos. Todos queremos ardentemente a felicidade, mas não sabemos verdadeiramente como ela é. E esse desejo, essa busca incessante pela felicidade que não conhecemos é, talvez, uma prova de que é intrínseca, inerente ao ser humano. Ela nos pertence, mas de alguma forma, em algum momento, parece ter se separado de nós. É como se um membro de nosso corpo estivesse faltando.
Queremos esse estado de plenitude a todo custo e para isso recorremos a tudo. Vivemos numa civilização que nos cria desejos e “necessidades” o tempo todo, para atender a uma política de consumo, por vezes cruel, e pensamos que quando realizarmos tais desejos ou tivermos atendidas as nossas “necessidades” acharemos a tão sonhada felicidade. Mas isso não é verdade, pois sempre teremos mais e mais desejos e “necessidades” sendo criados, e essa roda não terá fim.
É chegada a hora da reflexão. Nossa civilização está chegando a um nível intolerável de loucura, ansiedade, depressão e violência, o número de farmácias cresce vertiginosamente (que bom que existem) e ainda achamos que estamos no caminho certo para encontrar a felicidade. Faço um apelo para que sejamos mais conscientes de nossa humanidade.
Não existe um caminho, mas vários. Quero aqui tratar de um deles, que é adequarmos os nossos desejos à realidade que nos envolve. Quando são muito maiores do que nossa capacidade de realizá-los, ou partimos para os remédios, ou passamos por cima dos outros sem piedade. Façamos uma reflexão sobre tudo o que desejamos ou nos fazem pensar que “necessitamos”. Adequando esse aspecto de nossa vida, teremos maior tranquilidade no dia a dia, maior imperturbabilidade da alma. Não estou dizendo para eliminarmos os desejos e os sonhos (sonhar é preciso) de nossa vida. Queremos uma vida melhor para nós e nossos filhos, estudar, viajar, ter uma vida agradável e isso é ótimo, mas que nosso bom senso prevaleça e reflitamos sobre o que realmente é o nosso tesouro, o que importa em nossas vidas, de verdade, e que esse seja o norte para que cheguemos um pouquinho mais perto daquilo que nos pertence, queremos, mas não conhecemos e que chamamos de felicidade.