Lideranças e moradores pressionam por melhorias ao longo da RS-239 e há promessa de mudanças

Protesto bloqueou o tráfego de veículos nos dois sentidos, de forma intercalada, durante alguns minutos - Foto: Júnior Ribeiro

Sapiranga – “Rodovia da morte” é como alguns moradores se referem à RS-239, em função dos inúmeros acidentes graves que resultam em óbitos que ocorrem mensalmente na rodovia. Somente no primeiro mês de 2021, foram cinco pessoas que perderam a vida, entre Sapiranga e Parobé. E um dos trechos que causa mais transtornos é no retorno do bairro Amaral Ribeiro, por volta do km 30, no acesso à rua Nações Unidas, em Sapiranga.

Ali, em uma faixa de segurança, onde havia um dos dois controladores de velocidade que limitavam os veículos nos 50km/h – e que foram removidos devido ao fim do contrato da EGR com a empresa Kopp Tecnologia -, mãe e filho foram atropelados, causando a morte de Roberto dos Santos, 37 anos. A família, que reside no bairro Vila Nova, foi uma das que participou do protesto no fim da tarde da última segunda-feira (1º), que interrompeu parcialmente o trânsito na rodovia. A comunidade, que participou e organizou a manifestação, pedia por mais segurança na rodovia, solicitando cautela aos motoristas, e a demanda pela reinstalação das lombadas eletrônicas no local. Em um cartaz, a mensagem “chega de mortes” resumiu os gritos e pedidos das pessoas, moradoras das redondezas, e que, segundo elas mesmas, estão cansadas de perder seus familiares, amigos e vizinhos pela imprudência no trânsito.

Para moradores, passarela está no local errado

Em dezembro do ano passado, as lombadas eletrônicas foram retiradas na RS-239, próximo da empresa Calçados Beira-Rio, onde, logo em frente, foi construída uma passarela. Segundo os moradores, esta obra deveria ter sido feita há alguns metros de distância do local, o que beneficiaria os moradores dos bairros Vila Nova, Sete de Setembro e Amaral Ribeiro. Outra justificativa dos moradores para que a passarela fosse instalada em outro ponto é a EMEF São Carlos, que retomará as aulas nas próximas semanas e, segundo os protestantes, não há segurança aos alunos do ensino fundamental para que façam a travessia da rodovia em um ponto próximo à escola, nem para que percorram um trajeto mais longo para que usem a passarela, já que não há calçadas e sinalização nas ruas laterais, por onde se dá o acesso à escola e ao bairro.

Ação da prefeitura deu resultado

Prefeita Carina, secretário Regla e vereador Guto acompanharam os representantes da EGR e do Daer na
última terça-feira (2) – Foto: Divulgação/PMS

O encontro da prefeita, Carina Nath, na semana passada, na Secretaria Estadual de Logística e Transportes, em Porto Alegre, com o secretário Juvir Costella, já rendeu os primeiros frutos. Na terça-feira (2), um engenheiro da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) veio à Sapiranga verificar a viabilidade de a empresa e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) deslocarem uma das lombadas eletrônicas para a região das esquinas da Rua Nações Unidas com a RS-239, um pedido da prefeita de Sapiranga. A outra lombada ficaria no mesmo lugar, próximo da Rua Jacob Milton Bennemann. O secretário Costella confirmou à prefeita Carina que os controladores serão reinstalados nas próximas semanas.

Vereadores compareceram

Na manifestação dos moradores, pelo menos três vereadores marcaram presença: o presidente da Câmara, Leandro Costa (PP), Rita Della Giustina (PT) e Ado Machado (MDB).

Leandro afirmou que a Câmara está empenhada em atender às demandas da RS-239. “Tendo em vista esse grande número de acidentes e mortes, a Câmara de Vereadores trabalha em prol da comunidade e, por isso, participamos da manifestação como representantes do povo, para que possamos juntos somar forças para buscar a solução dos problemas”, explicou o presidente da casa legislativa sapiranguense.

Vereadora Rita (de cinza, na esq.) foi uma das parlamentares que participou do protesto – Foto: Júnior Ribeiro

A vereadora Rita, mobilizada com os moradores do bairro onde ela também reside, reforçou os pedidos da população em relação aos controladores e à passarela. “Foi um manifesto em favor da vida. A ideia é mostrar a dificuldade que moradores do bairro Vila Nova enfrentam há 44 anos. Não é de hoje que eles fazem estes manifestos. Pedimos redução de velocidade no perímetro urbano, porque a rodovia corta os dois loteamentos e é neste cruzamento que ocorrem os acidentes. Além disso, queremos um viaduto na entrada da rua Nações Unidas, assim como a volta dos controladores de velocidade. Com a volta às aulas, como as crianças vão atravessar? Vão vir para a passarela em que calçada? Queremos uma solução”, declarou Rita.

Comissão regional

A vereadora Rita Della Giustina está liderando a criação de uma comissão junto com vereadores de diversas cidades por onde passa a RS-239, com o objetivo de formar uma comitiva regional que irá tratar, inicialmente, as demandas relacionadas à rodovia. “Temos inúmeras reivindicações para serem feitas. Então fui à Araricá, estive em Campo Bom, e vamos criar uma comissão regional para tratar os assuntos da RS-239, e depois outros assuntos que abrangem os municípios. Vamos chamar Campo Bom, vamos chamar Novo Hamburgo, já estamos em acerto com Taquara, estamos indo para Parobé. A ideia é abordar a região inteira que faz uso da via”, explicou a vereadora.

O que foi dito na manifestação

Abelsa da Silva, tia de Roberto dos Santos.
“Nos falaram que estão aguardando a licença para reinstalar o pardal. Esperar por isso vale mais do que uma vida, do que nosso Roberto?”

 

 

 

Leandro Costa (PP), presidente da Câmara de Sapiranga.
“População está saturada dos acidentes e mortes. Pedimos ao Costella sinalização, lombadas e melhores condições na via.”

 

 

 

Rita Della Giustina (PT), vereadora de Sapiranga.
“Queremos uma solução. Os moradores enfrentam dificuldades há 44 anos. Teremos uma comissão para tratar do assunto.”