EGR: uma empresa estatal sem palavra e cúmplice das mortes que ocorrem ao longo da RS-239

Retorno é muito utilizado por caminhões e parte dos acidentes tem envolvimento deste tipo de veículo, que é mais lento.

Sapiranga – Novas passarelas na RS-239, construção de elevadas em trechos conflituosos ou viadutos na rodovia, modificações de retornos ou qualquer outro tipo de qualificação que demande grande volume de recursos públicos, agora, depende dos estudos do governo estadual para concessão das rodovias gaúchas.

Esta confirmação foi obtida pelo Repercussão, esta semana, após questionamentos da redação à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) sobre antigas promessas e urgentes necessidades que todas as lideranças e autoridades estão cansadas de cobrar, relembrar e aguardar com muita paciência.

O jogo de empurra-empurra entre os órgãos estaduais ganhou tamanha proporção, que agora, nem mesmo os responsáveis pelo Pelotão Rodoviário de Sapiranga estão autorizados pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) a conceder qualquer tipo de entrevista aos órgãos de imprensa. Recentemente, o Repercussão buscou explicações no CRBM para alternativas que pudessem ser aplicadas no problemático retorno do KM-30 (local da tragédia que vitimou Daniel Antônio da Silveira, 35 anos, morador de Sapiranga) há pouco mais de uma semana atrás. Porém, o CRBM orientou que o órgão competente para dar explicações sobre a rodovia é a própria EGR.

Imediatamente após a tragédia, a EGR disse que enviaria técnicos e engenheiros para avaliar medidas que pudessem ser adotadas no KM-30 e que dá acesso ao bairro Amaral Ribeiro via Rua Nações Unidas. Na tarde da terça-feira (3) equipes terceirizadas da estatal efetuaram uma medida paliativa: a pintura horizontal do trecho do acidente fatal.

Sapiranga possui diversas demandas de melhorias represadas e sem perspectivas

Em 2018, depois de muita pressão das lideranças locais, a EGR anunciou a construção de passarelas em dois trechos sapiranguenses da RS-239, e além disso, prometeu iniciar a construção de vias laterais em dois outros locais da rodovia: no KM-28 entre as ruas Chaves Barcelos e a ponte sobre o Arroio Sapiranga, no bairro São Luiz e outro trecho de rua lateral no KM-25, próximo da empresa Feltek e na região onde é construída uma passarela, no bairro Vila Irma. Dois anos após a promessa, nenhuma obra sequer foi iniciada e ganhou agravante. O diretor-técnico da EGR, Milton Cypel, admitiu ao Repercussão que “os projetos das obras foram realizados, e oportunamente, poderão ser incluídas nas demandas a serem analisadas no futuro edital de concessão da rodovia”. Ou seja, a precariedade na infraestrutura da rodovia continuará ceifando dezenas de cidadãos.

EGR argumenta

A EGR respondeu aos questionamentos explicando que futuros investimentos na rodovia como a construção de novas passarelas ou a efetivação de projetos de anos anteriores, como a construção da rua laterial, no KMs- 26 e 28, anunciados em 2018, aguardam os estudos da concessão que o Estado articula com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que devem estar prontos em 2020.

Foto: Deivis Luz.