UTIs de Sapiranga e Campo Bom chegam a 92,5% de ocupação

Todo cuidado é pouco no atendimento aos pacientes com Covid-19 - Foto: Lilian Moraes

Região – A situação no sistema de saúde gaúcho está em níveis críticos. O avanço da pandemia, a partir de níveis de contágio elevados e altas taxas de internações em leitos Covid e nas UTIs de todo o Rio Grande do Sul acenderam o alerta da comunidade e classe política.

Na região Covid R07, de Novo Hamburgo, segundo o Mapa de Leitos disponibilizado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), até às 11h06 desta quarta-feira (24), havia mais pacientes (121) do que leitos de UTI disponíveis (117), com uma taxa de ocupação de 107,1%. Dos 227 leitos clínicos de Covid-19, 173 estavam sendo utilizados (76,2% de ocupação).

O Hospital Sapiranga registrava saturação em todos os indicadores: 164,7% de ocupação na UTI (segundo o hospital, são 17 pacientes que ocupam todos os leitos de UTI e mais 11 na emergência), 131,2% de leitos Covid ocupados (há 16 disponíveis, para 21 pacientes) e 117,6% dos respiradores sendo utilizados (são 17 à disposição, mas 20 sendo utilizados). No Hospital Lauro Reus, segundo atualização no painel da SES até a meia-noite de quarta, há certa disponibilidade para os pacientes. São dois leitos de UTI livres, de um total de 10 (80% de ocupação). Há saturação nos leitos clínicos: são 15 ocupados, mas o hospital possui capacidade apenas para 10 enfermos (150% de ocupação). Além disso, dos 10 respiradores, somente sete estão em uso (o que corresponde a 70%).

Na última sexta-feira (19), os níveis de ocupação elevaram os indicadores de onze regiões Covid do modelo de Distanciamento Controlado, que as colocaram em restrições da bandeira preta, a mais rigorosa do modelo. Além disso, o governador Eduardo Leite restringiu as atividades consideradas não-essenciais entre às 20h e às 5h, com o objetivo de evitar a circulação à noite.

Número de hospitalizados quase dobrou de uma semana para outra

No dia 15 de fevereiro, na semana passada, haviam 10 sapiranguenses internados no Hospital Sapiranga e outros seis em hospitais da região. Além disso, o Centro de Referência em Síndromes Gripais (CRSG) de Sapiranga registrou 173 atendimentos médicos, além da realização de 15 testes rápidos e 94 coletas de RT-PCR. Já na última segunda-feira (22), o número de hospitalizados praticamente dobrou: passou para 23 sapiranguenses internados no Hospital Sapiranga e oito em instituições da região. O aumento foi de 93,75% em sete dias. Além disso, neste dia foram registrados 230 atendimentos no CSRG, um aumento de 33% em apenas sete dias. O número de testes realizados também subiu no período: foram 21 testes rápidos e 156 coletas de RT-PCR.

A secretária de Saúde, Janete Hess, afirma que a pasta já se mobilizou para aquisição de mais cinco leitos hospitalares, totalizando dez leitos clínicos, e está providenciando a aquisição de cilindros de oxigênio adicionais para a UPA. “Disponibilizamos medicação e exames complementares conforme solicitado pelo médico e estamos reforçando a equipe do Centro de Referência de Síndromes Gripais para melhor atender à demanda atual”, explica Janete.

“Estamos chegando ao limite”

A diretora-executiva do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann, relatou a situação dramática que vive a casa de saúde. “Estamos chegando ao limite de estrutura física. Respiradores, monitores e até camas. Já solicitamos ao Estado mais equipamentos e estamos aguardando retorno. Temos cirurgias eletivas sendo canceladas para utilizar a estrutura e equipe para os pacientes. O esgotamento das equipes, bem como afastamentos de profissionais por suspeita, também é um problema que estamos enfrentando. Não precisamos repetir aqui quais são os protocolos que deverão ser respeitados, pois isso já foi amplamente divulgado. Pedimos que, por favor respeitem-os, estamos chegando no limite da capacidade de atendimento”, reforçou Elita.

Equipes do HLR estão preparadas

No Hospital Lauro Reus, a prioridade é casos graves e cirurgias de emergência no momento. Mesmo assim, segundo a direção do hospital, as equipes estão preparadas para atender a capacidade máxima, se for necessário. “No momento, as maiores dificuldades são atender a continuidade das demais patologias, consultas eletivas, cirurgias que já estavam marcadas. As pessoas estão evitando vir ao hospital, o que é prudente. Hoje contamos com 10 leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19, além de disponibilizar toda a Unidade 2 para pacientes Covid, que são 31 leitos. Estamos analisando orçamento e estudos técnicos para a possibilidade de aumentar os leitos de UTI, caso seja necessário. Neste momento, pedimos que as pessoas evitem pânico, mantenham cuidados de higienização e distanciamento sempre que possível. Que utilizem o serviço de telemedicina de Campo Bom, para não sair de casa. Caso haja essa necessidade, busque a unidade de saúde mais próxima e dirija-se ao hospital somente em caso de urgência ou emergência”, atenta a direção.