Hospitais de Sapiranga e Campo Bom têm níveis críticos nas UTIs

Unidades de Tratamento Intensivo em Sapiranga e Campo Bom não têm capacidade para atender mais pacientes, com ou sem coronavírus Foto: Deivis Luz

Região – Com o aumento no número de casos de coronavírus na região, assim como em todo o país, os leitos dos hospitais apresentam situações alarmantes. Segundo o mapa de leitos, fornecido pela secretaria de saúde do estado do Rio Grande do Sul, o Hospital Sapiranga está com 100% dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto ocupados (são 12), e 62,5% dos leitos Covid-19 adulto fora da UTI (dos 16, 10 estão ocupados). No Lauro Reus, a situação é mais crítica. Os dez leitos de UTI adulto estão ocupados, sendo que seis pacientes estão com dificuldades em função do coronavírus. Já os leitos Covid fora da UTI estão em superlotação, com uma taxa de ocupação em 120%.

 

Segundo a secretaria municipal de saúde de Campo Bom, o maior número de casos confirmados em um dia havia sido em 29 de julho, com 61 resultados positivos. Há menos de 15 dias, em 18 de novembro, a SMS registrou 80 casos novos. “A ocupação de leitos Covid em UTI (cinco leitos) permanece elevada o tempo todo em torno de 95 a 100%. Ampliamos os leitos de internação na unidade e estes têm tido ocupação variável de 30 a 50%”, explica a secretária de Saúde, Suzana Ambros.

 

Em Sapiranga, entre junho e julho, quando até então era considerado o pico da doença, o hospital mantinha em sua estrutura 15 leitos de UTI, cuja ocupação média girava em torno de 90% dos leitos. Neste segundo momento, considerando o mês de novembro, o número reduziu para 12. “No momento atual, ainda não estão sendo suficientes, pois os pacientes graves estão ficando no hospital, sem perspectivas de transferência. Por exemplo, temos pacientes aguardando transferência para outro hospital desde o dia 23 de novembro, sem sucesso até o momento”, declarou a diretora executiva do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann.

Tempo de internação é elevado

Em live no dia 23 de novembro, o governador Eduardo Leite revelou sua preocupação com o aumento no número de casos, mas destacou que, a nível estadual, o tempo de internação dos pacientes com Covid-19 nas UTIs reduziu de 15 dias, nos primeiros meses da pandemia, para uma média de dez, no momento atual. Entretanto, este parâmetro não se reflete nos hospitais da região. Em Sapiranga, a diretora Elita afirma que a média de permanência de pacientes com coronavírus tem sido de 12 dias. Em Campo Bom, a taxa é mais alta, e varia entre 15 e 20 dias. “Uma explicação é o quadro de patologias e complicações do paciente, que muitas vezes evolui para insuficiência renal com necessidade de hemodiálise. Além disso, a taxa de internação de pacientes com mais de 60 anos é maior que 70%. A recuperação após sair da UTI acontece no leito clínico na unidade”, explicou a secretaria de saúde campo-bonense.

Equipes de saúde estão sobrecarregadas

Outro ponto que os hospitais apresentam em comum é o cansaço psicológico dos profissionais da saúde, que realizam atendimentos de Covid-19 desde março. “Esse ano está sendo bastante complicado para as equipes da saúde, principalmente na linha de frente. O ano todo está sendo atípico, essa elevação de casos recentes voltou a sobrecarregar as equipes, pois esses pacientes exigem um cuidado diferenciado. Essa é a realidade de todos os hospitais e unidades que prestam serviços à saúde”, revelou a diretora do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann.