Governador fala que cogestão e atividades econômicas devem ser retomadas, mas bandeira preta seguirá em vigor

Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Estado – Com o quadro de superlotação e falta de leitos nos hospitais de todo o estado, o Rio Grande do Sul deve seguir na bandeira preta pelas próximas semanas e deverá entrar no mês de abril com todas as regiões do Distanciamento Controlado neste nível de restrições. A informação foi confirmada pelo governador Eduardo Leite, em entrevista na manhã desta segunda-feira (15). Entretanto, Leite afirmou que, a partir da próxima semana, o sistema de cogestão (que permite às regiões definirem, em consenso entre as prefeituras, medidas menos restritivas que as decretadas pelo governo estadual para cada bandeira, mas que devem ser mais rígidas que a bandeira inferior) deve ser retomado. Além disso, a bandeira vermelha deverá sofrer alterações, e passará a ter medidas mais rigorosas.

Na entrevista, o governador Leite reforçou que o sistema hospitalar no estado está esgotado, com a demanda completamente voltada para o coronavírus. “O número de pacientes confirmados com a doença em UTIs era 800 há um mês. Agora, são 2,5 mil. É uma pressão muito forte. Isso vai significar que o Estado entre provavelmente o mês de abril com bandeiras pretas”, reforçou o governador.

Diversos protestos foram realizados nos últimos dias, pressionando prefeitos e governador pela retomada das atividades econômicas, ao mesmo tempo em que o estado enfrenta o seu pior momento (em relação a internações, número de casos confirmados e óbitos registrados) desde o início da pandemia. O governo estadual acredita que a ascensão dos números negativos se estenda até, pelo menos, a metade do mês de abril. Dessa forma, o governador e o gabinete de crise deverão definir, nesta semana, mudanças nas medidas do Distanciamento Controlado, com o objetivo de combater e controlar o colapso no sistema de saúde gaúcho, além de permitir que as atividades econômicas não sofram por um período mais prolongado.

Ajustes na bandeira vermelha

Por isso, nos ajustes que serão realizados na bandeira vermelha, não deverão ser modificados os protocolos para a indústria, a construção ou os serviços domésticos, pois, segundo a avaliação do governo, já tiveram flexibilização significativa nos protocolos de bandeira preta. As atividades em geral deverão ter ajustes que devem aumentar o rigor dos protocolos em bandeira vermelha. Os serviços afetados por estas novas medidas devem ser os bares, lancherias e restaurantes; serviços de higiene pessoal (cabeleireiros e salões de beleza); auditorias e consultorias; academias; clubes recreativos; e casas de espetáculos e similares em ambientes abertos.

Especialistas alertam para o risco de situação permanecer até maio

A avaliação dos especialistas é de que, se não houver uma mudança de comportamento radical das pessoas (principalmente adotando um isolamento eficaz, mas também com a adoção do uso de máscaras eficazes, higienizando bem as mãos, e evitando aglomerações, além de manter o distanciamento social), este cenário de bandeiras pretas no estado e hospitais lotados pode se estender até o mês de maio. Para o Comitê de Análise de Dados do Governo do RS, a retomada da cogestão, com a iminente reabertura de setores, deve aumentar a transmissibilidade do vírus entre as pessoas, o que pode elevar ainda mais os casos e a necessidade de internações no sistema de saúde. Como a taxa de desocupação dos leitos é lenta, a sobrecarga deverá perdurar até o final de maio. Então, com mais transmissão da Covid-19, o cenário pode ser observado por mais tempo.