Entenda por que o Vale do Sinos entrou em bandeira preta e o que muda com a decisão

Foto: Divulgação

 

Região – No início da noite desta sexta-feira (19), o governador Eduardo Leite realizou uma transmissão ao vivo nas redes sociais do governo do estado, em que apresentou o mapa preliminar da 42ª rodada do modelo do Distanciamento Controlado, assim como a atual situação do estado em relação à pandemia.

No mapa, onze regiões foram classificadas com a bandeira preta, que indica altíssimo risco para esgotamento da capacidade hospitalar e velocidade de disseminação do vírus. A região de Novo Hamburgo – 07, que abrange os municípios de Campo Bom, Nova Hartz, Araricá e Sapiranga, está incluída nesta situação definida pelo governo do estado como “crítica”.

O RS atingiu um patamar de avanço em todos os indicadores monitorados pelo modelo de Distanciamento Controlado ainda não visto desde o início da pandemia de coronavírus. Por conta da subnotificação já esperada por parte dos hospitais em períodos de feriado prolongado, como o Carnaval, o Gabinete de Crise optou por utilizar os mesmos dados de hospitalizações registradas na semana passada.

Na rodada anterior, foram registradas 1.030 hospitalizações ante 851 desta semana, número que não condiz com o cenário dos últimos dias. Esse dado, somado aos demais indicadores atualizados, resultou em grande parte das regiões em bandeira preta. As exceções foram Taquara e Erechim, que, com o número de internações da semana passada, ficariam classificadas em bandeira vermelha. Como houve aumento de registros nesta semana nestas duas regiões, elevando a nota das regiões para o nível da preta, o governo optou por usar os dados desta rodada.

Segundo o governador Eduardo Leite, esta é uma situação bastante crítica. “Posso afirmar a todos os gaúchos que é, sem dúvida nenhuma, o pior momento que estamos enfrentando, e não imaginávamos que poderíamos ter um momento como esse depois das duas primeiras ondas que tivemos. Estamos observando um crescimento muito rápido das internações, uma curva muito inclinada. O quadro demanda ações mais fortes de restrições e de consciência da nossa população, e do conjunto das autoridades, que, ao lado do governo do estado, devem trabalhar para evitar que esse contágio acelerado que se está visualizando vire algo que nós não consigamos mais controlar a tempo”, explicou.

Na live, o governador também mostrou que a média móvel da variação diária do total de confirmados em leitos clínicos e de UTI, registrada na primeira onda em 21 de junho de 2020, era de 64 pacientes naquele momento. No segundo pico de casos, havia em média 67 novos pacientes por dia sendo internados nos hospitais gaúchos. No novo crescimento, registrado agora, a média subiu para 159, quase o triplo dos indicadores mais altos registrados em 2020. “É um momento muito crítico de internações no nosso estado”, afirmou Leite.

Além disso, foi observado pela secretaria estadual de Saúde e pelas equipes dos hospitais que há uma mudança no perfil dos pacientes internados. “Quem está atuando na ponta, nos hospitais, observa pacientes internados mais jovens e sem comorbidades, o que pode significar que não se trata apenas de protegermos pessoas que são do grupo de risco. A doença efetivamente está acometendo com maior gravidade a população fora das faixas de risco, e precisamos ter a colaboração de todos. Estamos vendo maior vulnerabilidade ao vírus, por uma razão a ser ainda conhecida pelos estudos”, alertou Eduardo Leite.

Decisão pela bandeira preta

A intenção da bandeira preta do modelo de Distanciamento Controlado é instituir o alerta máximo e reforçar a necessidade de cumprimento dos protocolos e das regras sanitárias. Não é o mesmo que decretar lockdown, medida mais extrema que foi adotada em alguns Estados e em outros países. No entanto, diante da gravidade da situação, o governo do Estado decretou a suspensão geral das atividades entre as 22h e as 5h, de 20 de fevereiro a 1º de março (inclusive).

Os municípios que se encontram em regiões de bandeira preta e que se encaixam na Regra 0-0 (sem registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias, desde que a prefeitura crie um regulamento local) poderão adotar protocolos de bandeira vermelha.

As regiões em bandeira preta também podem aderir ao sistema de cogestão regional, no qual as associações regionais podem adotar protocolos próprios, desde que não menos rígidos do que os da cor precedente. Nesse caso, as regiões classificadas em bandeira preta podem adotar regras até as de nível de vermelha. Para isso, basta que enviem protocolos próprios adaptados à Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Saam).

A nota técnica com as justificativas, divulgadas pelo governo estadual, classificou a região de Novo Hamburgo do Distanciamento Controlado da seguinte forma:

 

Na versão preliminar do Distanciamento Controlado desta semana, a região de Novo Hamburgo
obteve a mensuração final compatível à bandeira Preta.

Quanto aos seus quatro indicadores regionais, Novo Hamburgo obteve as seguintes bandeiras:
no indicador de incidência (número de hospitalizações por Covid-19 para cada 100 mil
habitantes) a bandeira foi Preta; no de projeção de óbitos a bandeira obtida foi Preta; quanto à
velocidade de avanço (hospitalizações confirmadas nos últimos 7 dias / hospitalizações
confirmadas nos 7 dias anteriores) a bandeira foi Preta; e com relação ao estágio da evolução na
região (ativos/recuperados) a bandeira foi Amarela.

O número de novos registros de hospitalizações por Covid-19, nos últimos 7 dias, comparado
com a semana anterior, apresentou um aumento de 56.5%, passando de 46 para 72. Quanto ao
número de óbitos, nos últimos 7 dias, comparado com a semana anterior, tivemos um aumento
de 66.7%, passando de 24 para 40.

O número de internados em UTI por SRAG, comparado com a semana anterior, apresentou um
aumento de 29.2%, passando de 48 para 62. No caso do número de internados em leitos clínicos
para Covid-19, entre as duas semanas verifica-se um aumento de 87.5%, passando de 40 para 75.
Para o número de internados em UTI confirmadas para Covid-19, a situação foi de um aumento
de 37.5%, passando de 32 para 44.

O número de casos ativos observados na penúltima semana, comparado à anterior, tivemos um
aumento de 3.2%, passando de 1478 para 1525. Quanto aos casos recuperados nos 50 dias
prévios à penúltima semana, comparado à anterior, tivemos uma queda de 15.6%, passando de
7765 para 6550. Com isso a razão entre as duas variáveis teve um aumento de 22.3%, passando
de 0.19 para 0.23. Com relação ao número de leitos de UTI livres para atender Covid-19 no último
dia, o quantitativo apresentou uma queda de 41.4%, passando de 29 para 17.

Destaca-se que a quantidade de novas hospitalizações em proporção da população é bastante
elevada, refletindo na bandeira Preta para o indicador de incidência na região.

O que muda nas regiões em bandeira preta

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