Demanda por oxigênio cresce nas casas de saúde, e municípios buscam evitar a falta

Cilindros são contratados via empresa terceirizada, que fornecem o insumo e reabastecem o oxigênio - Foto: Prefeitura de Sapiranga

Região – Seis estados do Brasil estão em situação crítica no abastecimento de oxigênio para o sistema de saúde, em função do elevado número de casos de pacientes com Covid-19 que precisam do auxílio do gás para respirarem. No Rio Grande do Sul, a situação ainda não é tão grave, mas já acendeu o alerta do Ministério da Saúde.

Em Sapiranga, segundo a Secretaria municipal de Saúde, a partir do aumento dos casos moderados e graves, o consumo de oxigênio aumentou em 2.233,33%. “Vamos ilustrar com o consumo da UPA 24h, que se reflete nas demais Unidades de Saúde. Até o início de fevereiro, utilizava-se 12 cilindros de oxigênio por semana. Atualmente, o consumo é de 40 cilindros ao dia, ou 280 cilindros por semana”, explicou a secretária Janete Hess, que também afirmou estar atenta à situação para evitar o desabastecimento. “Até o momento, o estoque está sendo reabastecido. Quando houve o aumento dos casos, questionamos ao fornecedor se haveria risco de falta do produto em estoque ou de interromper o fornecimento e fomos informados de que há condições de manter o fornecimento. Caso esta situação mude, adotaremos estratégias de manutenção do fornecimento, como aquisição de adicionais através de pesquisa de preço e disponibilidade de material”, relatou.

“Oxigênio é essencial”

Em Sapiranga, as Unidades de Saúde Municipais utilizam oxigênio em m3, distribuídos em cilindros, com exceção da UPA 24h, que possui central de distribuição de oxigênio alimentada por cilindros. “Dado o momento atual de enfrentamento à pandemia gerada pelo coronavírus, é essencial que se disponibilize oxigênio no serviço de saúde, isso porque os danos gerados pelo vírus são diretamente ligados à dificuldade respiratória, o que exige a utilização do produto para o cuidado do paciente, proporcionando melhores condições à sua respiração. Além dos pacientes acometidos com Covid-19, também é usufruído por pacientes com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, pacientes oncológicos, e demais pacientes com comorbidades que causam comprometimento pulmonar, com problemas agravantes de saturação”, esclareceu a secretária de Saúde do município.

Recargas diárias dos cilindros

No Centro Covid de Campo Bom, são atualmente 20 cilindros de oxigênio: 17 de 10m³ e três de 4m³. Segundo a Secretaria de Saúde campo-bonense, antes da pandemia, os cilindros eram usados na rede básica também, onde uma recarga durava de 15 a 20 dias, enquanto no Centro Covid o fluxo normal ocorria de quatro em quatro dias. “Devido ao pico e alta demanda, centralizamos todos os cilindros grandes no Centro Covid, deixando os menores na rede básica, e a recarga tem sido realizada diariamente dos 20 cilindros do local”, explicou Luana Schnorr, coordenadora da saúde do município.

Sobre o fornecimento do insumo, Luana conta que a empresa contratada para fornecer as recargas de oxigênio relatou à secretaria que, no momento, não vê risco de falta do gás, mas que também não possui mais cilindros em comodato para fornecer. “Eles apenas conseguem abastecer os que já estavam previstos no contrato. Informaram também que em alguns dias da semana, devido à dificuldade de logística, o município deve ir até a sede da empresa levar os cilindros para recarga, pois não conseguirão diariamente passar para fazer essas trocas”, relatou a coordenadora da saúde.

Situação nos hospitais

A direção do Hospital Lauro Reus (HLR) explicou que o fornecimento do oxigênio à casa de saúde é através da empresa Air Liquide, e informou que não possui os detalhes de uso do insumo. A respeito da instabilidade no sistema de oxigênio, que ocorreu na última sexta-feira (19), quando seis pessoas morreram no hospital, a direção garante que não há evidência da falta do insumo, mas a perícia técnica vai apontar os níveis da instabilidade e as suas causas. “O hospital operava acima da capacidade, sem deixar em qualquer momento de atender os pacientes. Por prudência e protocolo, de imediato e com êxito, foi acionado o Plano de Contingência com cilindros excedentes”, declarou, em nota, a direção do HLR.

No Hospital Sapiranga, houve um grande aumento no consumo. “Tínhamos consumo de diário em torno de 470m³ de oxigênio líquido, e atualmente estamos em 2.000m³, sendo realizado o abastecimento dos tanques conforme monitoramento diário”, explicou a direção.