Demanda por médicos é novo obstáculo da pandemia

Mesmo com hospitais cheios, procura por médicos busca aliviar pressão e desgaste nos profissionais da saúde - Foto: Romain Lafabregue/AFP

Região – Com recorde de mortes registradas em 24h (foram 185 de segunda para terça na atualização diária), a situação da pandemia no Rio Grande do Sul fica mais crítica a cada dia que passa. O resultado disso é a saturação da capacidade de atendimento dos hospitais em todo o estado, que atingiu na última terça-feira (2) 100,1% de ocupação das UTIs. Isso significa que há mais pacientes em situação grave do que os hospitais conseguem atender, e a cada dia são mais pacientes que chegam às casas de saúde em busca de atendimento.

A partir do aumento de casos, cresce também a vulnerabilidade dos médicos e profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19. Ou pelo risco de infecção, pelo contato direto com o vírus, ou pelo esgotamento de trabalhar durante horas seguidas, muitas vezes sem paradas para comer ou descansar.

Com isso, cresce a demanda nas casas de saúde por profissionais, para garantir cuidados à população, neste momento em que os hospitais não conseguem dar conta física da quantidade de pessoas que precisam de atendimento, devido ao elevado número diário de pessoas que testam positivo para a doença viral.

Equipes remanejadas

A diretora do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann, explica que o hospital está envolvendo grande parte do corpo clínico do hospital, que estão se disponibilizando para auxiliar na alta demanda de cuidado a estes pacientes graves. “Os médicos especialistas ampliaram a carga horária com maior disponibilidade para a instituição. Estamos ampliando o número de profissionais da área assistencial, a nossa maior demanda tem sido de técnicos de enfermagem e enfermeiros. Ainda estamos conseguindo organizar os setores pois, como o hospital suspendeu os procedimentos eletivos, as equipes assistenciais destas unidades foram remanejadas para atender pacientes Covid-19. A principal dificuldade encontrada na contratação é a disponibilidade no mercado de profissionais com experiência”, relata. Para atuar na instituição, o profissional deve acessar o site hospitalsapiranga.com e acessar a aba “Trabalhe Conosco”.

Reestruturação para atendimento

Segundo o diretor técnico do Hospital Lauro Reus, Dr. Thiago Serafim, a demanda na casa de saúde é alta, e segue aumentando, pois há cada vez mais pacientes em busca de atendimento, e que ficam internados por períodos mais prolongados. “Hoje temos em torno de 80 profissionais que compõem o corpo clínico, e o hospital está se reestruturando para ampliar a demanda e, por isso, a necessidade de mais médicos. Estamos sempre precisando, estamos abrindo novas áreas devido a demanda, que vai precisar de médicos 24h, além dos plantões já fixos. Vamos abrir uma nova área de semi intensiva, e estamos a procura para fechar estas salas. Está muito difícil (encontrar profissionais), abriram muitos postos de trabalho na região em função da Covid, muitas estruturas foram ampliadas, e está tendo uma demanda alta por médicos. Nossa necessidade atualmente é, pelo menos, mais um médico em regime de 24h. Mas quanto mais tivermos, melhor, pois temos dificuldades de compor a escala, já que alguns profissionais ficam doentes, outros tiram alguns dias para descansar, então tem alguns furos na escala. Além disso, aumentou demais o número de doentes, principalmente vítimas de Covid, e os pacientes têm consultado mais e ficam mais tempo internados”, explicou Serafim.

Prefeitura contratou

No início do ano, a Secretaria de Saúde de Sapiranga realizou um processo seletivo para contratação emergencial de três médicos 12h/s, dois médicos 20 h/s, cinco técnicos de enfermagem, dois fisioterapeutas, dois auxiliares dentários, um assistente social, até 12 serviços gerais e até 14 motoristas, totalizando até 41 servidores para suprir a falta de profissionais necessários no atendimento à demanda atual. Segundo a prefeitura, cada cargo teve um edital específico, e todos estão em tramitação, na fase de chamamento dos profissionais.

O que disseram

Thiago Serafim, diretor técnico do HLR:
“A maioria dos médicos se concentram na capital e região metropolitana, e optam por trabalhar nessa região. Hoje ocorre praticamente um leilão da categoria, cada hospital aumenta mais seu valor para deixar mais atrativo, principalmente os da rede privada.”

Janete Hess, sec. de Saúde de Sapiranga:
“Considerando a imensa demanda que o serviço público de saúde tem enfrentado, foi preciso complementar o quadro de servidores para atender o público que necessita de atendimento. Realizamos, no início do ano, processo seletivo para contratação emergencial de profissionais.”

Elita Herrmann, diretora do Hosp. Sapiranga:
“Apesar de todo o cansaço e alta demanda, só temos a agradecer a compreensão de toda a equipe de colaboradores e profissionais médicos do Hospital Sapiranga, que estão trabalhando incansavelmente para tentar salvar todas as vidas possíveis.”