“As pessoas podem tomar as vacinas com confiança”, diz virologista

Foto: Divulgação/PMNHZ

Região – A vacina contra a Covid-19 já é realidade nos municípios da região. Cidades dos Vales do Sinos e do Paranhana já começaram a imunizar sua população, mesmo com as poucas doses que chegaram deste primeiro lote de CoronaVac, a vacina do laboratório chinês SinoVac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.

Após um longo período de testes das vacinas, desenvolvidas em tempo recorde ao redor do mundo, divulgação de resultados e muita politização a respeito dos imunizantes que protegem as pessoas contra a Covid-19, doença que já causou mais de 210 mil mortes no Brasil e 2 milhões no mundo inteiro, muitas dúvidas surgem quando o assunto é o imunizante.

“A vacina é segura?”, “50% de eficácia é bom ou ruim?”, “depois de tomar a vacina preciso manter os cuidados?” e “quando vamos voltar ao normal?” são dúvidas comuns entre a população, e que se tornaram mais frequentes após a liberação da Anvisa para o uso emergencial das vacinas CoronaVac (produzidas em parceria com o Butantan) e Oxford-AstraZeneca (produzidas em parceria com a Fiocruz). Para esclarecer as dúvidas e tranquilizar a população a respeito das vacinas, pedimos ao Professor do Mestrado em Virologia da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica MCTI, Fernando Spilki, para esclarecer estas questões.

Confira a entrevista exclusiva com o virologista Fernando Spilki:

 

Professor e virologista Fernando Spilki – Foto: Divulgação/Universidade Feevale

Jornal Repercussão: Quais são os riscos de uma baixa aderência ao processo de vacinação? Pode gerar novas variantes do coronavírus?

Fernando Spilki: Essa questão de variantes tem que ser obviamente investigada, nós estamos monitorando. Mas é importante que as pessoas tenham aderência ao processo de vacinação. Se vacinem! Quanto antes as pessoas se vacinarem, menos desse problema de geração de variantes nós teremos. Então as pessoas devem confiar na vacina e buscar, o mais breve possível, assim que disponibilizado para elas, se vacinarem.

JR: O Butantan apresentou uma eficácia de 50% em casos leves para a CoronaVac. Este índice é positivo? Qual a comparação com outras vacinas, como a da gripe comum?

FS: Na verdade, se considerarmos os índices de infecção, que foi a maneira como o pessoal do Butantan avaliou a vacina, 50% é um nível ótimo. O que nos interessa é quantas pessoas ficam doentes e quantas pessoas não ficam doentes. E aí a gente vê que a vacina tem uma eficácia próxima de 80%. Outra coisa importante é pensar que muitas vacinas que nós tomamos têm níveis de eficácia desse nível e tomamos e elas têm impacto espetacular e maravilhoso em diminuir o número de casos.

JR: Iniciado o processo de vacinação, em quanto tempo teremos uma volta à normalidade? Que cuidados as pessoas devem tomar após a imunização?

FS: Nós devemos ter um tempo longo até a normalização das atividades. Nós precisamos de uma cobertura vacinal alta, e isso vai demorar a acontecer. Então é importante que as pessoas entendam que nesse momento o distanciamento social, uso de máscara e medidas de higiene são fundamentais. Nós devemos ter ainda vários meses até que efetivamente a gente sinta um efeito populacional das vacinas.

JR: O que garante que as vacinas são seguras? As pessoas podem confiar nos imunizantes?

FS: As pessoas precisam considerar que sim, as vacinas foram feitas em tempo rápido, mas talvez nós nunca tenhamos tido a oportunidade de acompanhar tão de perto todos os testes e a questão da segurança. Então, as vacinas são seguras, sim! Todos os eventuais problemas que poderiam ocorrer foram divulgados, foi mapeado, foi apresentado de maneira pública, toda vez que se desconfiou de algum efeito colateral mais sério e não foram associados às vacinas. As pessoas podem tomar as vacinas com confiança.