Judiciário autoriza e Polícia Civil prende líder da cooperativa Coosapa

Sapiranga – O Poder Judiciário autorizou e a Polícia Civil prendeu o presidente da Cooperativa de Trabalhadores Autônomos e de Produção do Vale dos Sapateiros e Paranhana Ltda (Coosapa). Aelton Vitoria Kauffmann, 56 anos, é acusado de estelionato e associação criminosa. Nas últimas semanas, a Polícia Civil ouviu 23 vítimas, que geraram 20 ocorrências contra a Coosapa. Durante a tarde da quarta-feira (21), a Delegacia de Sapiranga solicitou ao Poder Judiciário a prisão preventiva de Aelton. “Existe forte suspeita de que ele está tentando se evadir de Sapiranga. Para nós, ele disse que mora em Sapiranga, mas alguns dos denunciantes disseram que ele estaria se escondendo em Santa Catarina. Para nós, o presidente da Cooperativa disse que não enganou ninguém e negou tudo”, disse o delegado Fernando Pires Branco.

Pesou para o pedido de prisão do líder da Coosapa as evidências. Diversos denunciantes contaram à Polícia Civil que compraram os lotes da cooperativa e não recebiam os imóveis. Após procurar explicações na sede da própria cooperativa, se depararam ainda com as portas fechadas. Há situações de cooperados que se associaram à cooperativa em 2005, ou seja, há 13 anos, e até agora ainda não possuem previsão para receber o lote.

Sob a responsabilidade da Coosapa estão, no mínimo, três loteamentos em Sapiranga: dois no Centenário e um no bairro São Luiz. O advogado de Aelton julgou desnecessária a prisão.

Advogado diz que tentará reverter a prisão

A prisão de Aelton foi autorizada pelo Judiciário antes das 18h. O seu advogado, Elvir Pinheiro Pilar, disse à reportagem que tentaria ainda no transcorrer da noite da quarta-feira reverter a prisão do presidente da cooperativa. “Considero a prisão desnecessária. Ao ler os esclarecimentos que o Aelton prestou à Polícia, coincide justamente com o que está ocorrendo no loteamento do bairro Centenário e que está dando motivos para esse recolhimento preventivo. É claro que existem problemas para serem resolvidos, tudo isso o Aelton reconhece. Agora, estelionato da forma que está sendo colocado, não concordamos. Não houve nenhuma situação que configurasse alguma fraude e tivesse obtido algum benefício. Para mim, não se justifica essa prisão agora. Ao contrário do que todo mundo pode imaginar, ela atrapalha muito uma solução satisfatória para os cooperados e do problema que está colocado”, analisa Elvir.

Questionado sobre se teria alguém para dar esclarecimentos aos cooperados, além do presidente, o advogado disse que o vice-presidente pode assumir. “O vice-presidente pode dar esclarecimentos necessários”, citou. Outro ponto argumentado foram os demais empreendimentos sob a responsabilidade da Coosapa. “O com mais apelo é o do Centenário, Quatro Colônias e na São Luiz. Este, aliás, dependendo de apenas uma licença. O de Igrejinha será objeto de execução”. As coisas estavam andando relativamente bem, é claro, agora perdeum pouco do foco”, pontua.

Novos esclarecimentos

Questionado das razões para o longo tempo sem a realização de assembleias entre os cooperados, o advogado do presidente Aelton tentou justificar. “Acredito que precisa criar um ambiente de cooperação, sem isso não será possível tocar para frente esses empreendimentos. Sobre as assembleias, o que tenho notícia é de que eram realizadas as prestações de contas, mas não tenho informações precisas. Agora, se não aconteceu, agora, é o momento de se fazer elas e se achar uma solução ao empreendimento. Tem muita gente se propondo a resolver os problemas dos empreendimentos e chegaremos a uma solução satisfatória”, destacou

Outro ponto que o Jornal Repercussão tentou buscar explicações foi da parte financeira. Ao ser perguntado sobre saldos bancários e fundo de reserva, o advogado disse que não possui conhecimento. “Isso na verdade temos que ver. Presto assessoria mais jurídica e de licenças, regularização de matrículas. Essa parte contábil não domino e teria que olhar melhor isso”, disse o advogado.