Eloir Colombo engaveta projeto das diárias após pressão em Nova Hartz

Nova Hartz – Tão logo o projeto sobre as diárias foi colocado no site da Câmara de Vereadores, na sexta-feira (2), a notícia foi rapidamente espalhada e motivou a ira de cidadãos, lideranças empresariais e de parte dos vereadores contrários a medida de pagamentos por cursos, hospedagens e gastos com passagens aéreas para que os vereadores pudessem participar de cursos no Estado e fora do Rio Grande do Sul.

Entre os itens que favoreceram a mobilização da comunidade e que culminou com a retirada da votação do Projeto de Resolução 5/2018, foi o discurso ainda presente, de que o momento é de crise e os políticos precisam dar o exemplo. E, indiretamente, se a medida fosse aprovada, o recado dos vereadores de Nova Hartz seria exatamente do contrário.

A proposta de implementação das diárias elevaria o custo anual da Câmara nesta rúbrica orçamentária. Conforme a vereadora, Neiva Scherer Benkenstein (MDB), em 2017, o gasto com diárias foi de R$ 19.357,79. “Mas, o Executivo, gastou R$ 28.000,00”, retrucou.

Atualmente, um vereador ganha em Nova Hartz R$ 6.129,24, mas com o desconto de Imposto de Renda e do INSS, o líquido fica R$ 4.967,09. Contrários ao pagamento das diárias aos vereadores defendem que é com esse valor que sobra, descontados os impostos, que deve ser usado para os cursos dos vereadores. No Facebook do Repercussão, nenhum morador defendeu a proposta das diárias.

Eles disseram/Enquete

Jaques Scalcon,vereador do PROS
“Nossa cidade já teve o nome manchado, em 2014 e 2015, como a capital das diárias no Vale do Sinos. Em 2015, foram gastos R$ 115.000,00. Temos que avançar e fazer economia sem tirar dinheiro do cidadão. Fiquei muito decepcionado com esse projeto.”

Juliano Borges Peres, vereador do PP
“Estranhamente, foi retirado da pauta pelo presidente o projeto das diárias. É uma falta de respeito com o cidadão, com o dinheiro público e é um retrocesso. Nova Hartz ficou manchada por anos e anos como sendo mal exemplo.”

Evandro Cruz, vereador do PP
“Tem vereadores aqui que se acovardam. Colocam o projeto em votação, a comunidade se mobiliza e depois retiram o projeto. Eles não queriam que a Câmara estivesse lotada. A comunidade tem que vir para ver quem são esses vereadores.”

Jamir Peliccioni, vereador do PSB
“No final do ano de 2016, eu fiz parte da Mesa Diretora com o ex-vereador Sadi, e votamos e revogamos as diárias, além de reduzir o legislativo de 11 para nove vagas. Tem vereador aqui que nem dormiu preocupado em mobilizar.”

Neiva Scherer Benkenstein, vereadora do MDB
“Fiz cursos, sim, em 2017. Fiz dois cursos e usei o ressarcimento que é o que rege a nossa Casa hoje. Usei o necessário e fiquei satisfeita e considero necessário fazer curso, desde que a ida ao curso seja com o intuito de apreendizado e não de arrecadação financeira.”

Oseias da Cruz Oliveira, vereador do MDB
“Quero prabenizar a mobilização da comunidade. Isso é democracia. Imagina se vivêssemos em uma ditadura. Vocês não conseguiriam reverter esse projeto. Quero ver essa mobilização da comunidade de cobrar do Executivo os gastos com diárias na Prefeitura”.

Robinson Bertuol, vereador do PSC
“A comunidade está machucada por conta de abusos cometidos ao longo dos anos. De ir para Brasília e Recife. É óbvio que um dia isso iria estourar. Fomos humildes e demos um passo para trás. A voz do povo é soberana e precisa ser ouvida.”

Rosa Leães, vereadora do PT
“Fiquei sabendo na sexta quando o projeto foi lançado no portal. Não houve discussão e, se houve, não participei. Respeito a autonomia da Mesa Diretora, mas fui surpreendida com isso. O meu mandato não se pauta por acordos ou negociações.”

Presidente avalia as diárias

O presidente da Câmara, Eloir Colombo (MDB), foi o último a se manifestar. Colombo aproveitou para criticar os valores das diárias do prefeito e do vice-prefeito (R$ 1.180,00) e dos secretários (R$ 786,00). “O vice-prefeito, Cléo Hendges, do PROS, sempre usou diárias. Eu uso diárias, mas ajudo o meu município trazendo emenda parlamentar. Se o vereador não corre atrás, não vem recurso de Brasília dos deputados. Sobre o projeto, não é bem isso. Foi colocado mal, sim, atendemos o clamor popular e escutamos a voz do povo. O nosso prefeito também tem que escutar a voz do povo. Eu sou presidente desta Casa e retirei o projeto. Eu sou contra gastos exorbitantes”, retrucou Colombo, lembrando da necessidade de modificar a lei atual.

No entendimento do presidente da Câmara de Nova Hartz, se a lei não for modificada – ou seja, há chance dela voltar à votação nos próximos meses – ninguém mais vai para Brasília. “O vereador que não vai para Brasília não traz benefício para a cidade. Em 2017, fui e gastei R$ 2.530,00. Esse foi o meu gasto. Mas, consegui R$ 250.000,00 de uma emenda”, revela.