Vereador Paulo Tigre se desculpa após gerar desconforto com Consepro e Prefeitura de Campo Bom

Campo Bom – Recentemente postagens realizadas em uma rede social pelo presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Tigre (MDB), alvoroçaram o ambiente político e institucional no município. As publicações de Tigre levavam a crer que a Brigada Militar não estaria recebendo repasses de valores referente a ajuda de custo dos núcleos de policiamento comunitário por parte da prefeitura.

Em resposta à postagem do presidente da casa legislativa, o secretário de Finanças de Campo Bom, Fernando Trott, postou o comprovante do repasse feito da Prefeitura ao Consepro. Após isto, na mesma postagem, em resposta à Trott, Tigre convidou o secretário a questionar sobre os valores ao Consepro, pois “…no bolso dos funcionários não está”, disse Tigre.

Diante do ocorrido, que mais tarde foi comprovado que não se passava de um mal-entendido, o Jornal Repercussão conversou com cada uma das partes envolvidas. O presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), Pedro Rogério Martins Duarte, o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom, Paulo Tigre, e o capitão da Brigada Militar, Tiago Reimann.

Presidente do Consepro se manifesta sobre ocorrido

Pedro Rogério Martins Duarte

Em conversa telefônica com o presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), Pedro Rogério Martins Duarte, foi revelado que tudo não se passava de um mal-entendido, já resolvido em conversa pessoal com o presidente da casa legislativa. “No primeiro momento ficamos meio tristes, mas após esclarecimento com o vereador (Paulo Tigre), entendemos que foi uma informação que ele recebeu de uma pessoa mal intencionada para causar um caos entre as instituições, nós já estamos apurando. A Brigada analisa internamente essa questão”, disse o presidente Consepro, Pedro Duarte.

Duarte explica que a situação o levaria a tomar as medidas cabíveis contra o presidente da Câmara de Vereadores, o vereador Paulo Tigre, no entanto, os fatos foram esclarecidos, não havendo assim necessidade de levar a situação adiante. “Nós iriamos fazer um registro de um falso comunicado de crime, mas após conversarmos pessoalmente com o presidente da casa, descobrimos os fatos que o levaram a comentar isso. Ele foi praticamente induzido a cometer um erro, não agiu de má fé, após conversar pessoalmente com ele e tirar essas dúvidas, que foi na noite de ontem (quarta-feira, 3 de abril), descobrimos que existem outras coisas por trás. Então após isso, nós pedimos para toda equipe aguardar as investigações. O objetivo do vereador, presidente da casa, não foi esse objetivo aí de tentar (causar constrangimento entre as instituições), e sim colocar a denúncia a qual chegou até ele, então já estamos apurando quem é que fez essa falsa denúncia (ao vereador Paulo Tigre)”, revela o presidente do Consepro.

Pedro Rogério revela ainda que a Brigada Militar averigua o fato, e a punição será exemplar, dentro dos critérios da lei. “A Brigada vai resolver essas questão! Foi uma denúncia de uma pessoa de má fé, para causar um constrangimento entre as instituições. Pode ter certeza a punição será exemplar, para servir de exemplo para que não joguem uma instituição contra a outra. Diante de tudo que estamos vivendo na área da segurança pública, criar esse constrangimento perante a sociedade… Já estamos cansados de ouvir uma série de barbáries, inverdades que não condizem com a realidade de Campo Bom, muito menos com a diretoria que nós temos hoje no Consepro, com a diretoria da fundação do Consepro, essas pessoas que a vida toda se doaram e doam até hoje. Não podemos ficar a mercê de uma situação dessas, tudo isso já foi devidamente esclarecido, e o que está sendo averiguado então é essa questão (deste terceiro indivíduo), mas a principio foi descartada toda e qualquer ação nesse sentido (da denúncia de falso crime contra Tigre) após esclarecimento. O objetivo não foi de maldade (do vereador), maldade foi da pessoa que fez essa suposta denúncia. A pessoa, inclusive, levou o vereador a lugares para que ele ouvisse outras pessoas com a mesma história”, releva Duarte.

Em nota de esclarecimento, presidente da Câmara se desculpa e explica caso

Paulo Tigre

O Jornal Repercussão entrou em contato com o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom, Paulo Tigre. Sobre o ocorrido, o presidente divulgou uma nota onde expõe a situação e explica que se equivocou ao realizar as declarações, agindo de maneira precipitada, mas que não questionou a idoneidade da instituição.

O vereador alegou ainda que respeita o Consepro e Brigada Militar, e que continuará a auxiliar estas instituições sempre que possível. Tigre disse ainda que na ânsia de se resolverem problemas, ser impulsivo pode não resolvê-los, mas que o dialogo é a melhor solução. Abaixo a nota na íntegra. 

“As instituições se sobrepõem aos homens e interesses. Homens de bem, quando sentam e conversam sempre iluminam um ambiente e a verdade prevalece. Estive reunido com o Presidente do CONSEPRO, sr. Pedro Rogério e todas as arestas foram aparadas. Sim, houve uma denúncia. Sim, fui precipitado. Sim, precisamos de mais recursos para a segurança pública. Sim, a prefeitura está em dia com suas obrigações. Sim, o CONSEPRO segue repassando seus valores. Pois então, ficaram os fatos – a denúncia – e se apuraram as situações. Em nenhum momento questionei a idoneidade ou seriedade das instituições, inclusive todos sabem do meu apreço pela Brigada Militar e seus integrantes e da minha colaboração pessoal com estes; da mesma forma, minha relação com o CONSEPRO e com seu presidente e muitos dos seus membros (dos quais saiu amigo pessoal) segue firme e de total confiança e respeito (sempre indiquei e indicarei esta entidade para encaminhar recursos do legislativo quando possível). Este episódio serviu para demonstrar que na ânsia de resolvermos problemas podemos ser impulsivos e não resolvê-los. Também mostra que os homens podem resolver absolutamente tudo na base do diálogo. Não há situação que seja insolúvel ou demérito nenhum em reconhecer equívocos e desculpar-se por eles. Eu o fiz! Após essas duas conversas que tive, meu respeito e admiração seguem firmes. Aliás, acredito que a relação entre as instituições se fortaleceu ainda mais, pois os fatos foram apurados e a situação está encaminhada. Também firmamos propósito de unir forças na busca de mais recursos para que sim implantemos outros núcleos de policiamento em nossa cidade. #dialogoÉtudo #JuntosSomosMaisFortes”

Capitão da Brigada Militar explica mal-entendido

Tiago Reimann

O mal-entendido teria se dado por conta de suposta falta de pagamento da Prefeitura ao Consepro, e posteriormente a falta de repasses à Brigada Militar. Porém, tudo não passava de um mal-entendido. “Ficamos sabendo dessa situação do vereador Paulo Tigre, que teria postado em uma rede social, algumas situações que não eram verdadeiras, a respeito do policiamento comunitário, e algumas mídias nos procuraram questionando o que estaria acontecendo para que a Brigada Militar não estivesse recebendo. Eu informo que não é verídico, e que inclusive o policiamento comunitário está muito bem e recebendo mensalmente os valores da Prefeitura, que são passados rigorosamente pelo Consepro. Os Brigadianos estão recebendo mensalmente e normalmente, não existe nem um tipo de atraso”, disse o Capitão da Brigada Militar de Campo Bom, Tiago Reimann.

Reimann revela que a suposta denúncia do não recebimento, se daria devido a uma questão que envolve a implantação do quinto e mais recente núcleo de policiamento comunitário, do bairro Paulista. “O que ocorre é que nós tivemos há um tempo atrás, a criação de um grupo de policiamento comunitário da Paulista, mas esse processo está em tramitação ainda, ele não foi concluindo, não passou por todas as instancias administrativas”, disse o capitão da BM, que continua. “Ele (processo em tramite) passou pela Prefeitura Municipal, pelo Consepro e agora se encontra na Secretaria de Segurança Pública, e somente após analise de todas as instâncias, de todos os órgãos, é que vai haver a adesão do núcleo comunitário” disse Reimann.

Quanto a valores envolvidos, o núcleo de policiamento comunitário recebe, mensalmente, uma ajuda de custo, referente a moradia. O valor serve como um incentivo, mas não há a necessidade que os policias se mudem para os locais, eles são escolhidos para integrar núcleos dos bairros onde já residem. “Após a aprovação (na Secretaria de Segurança Pública), os policias daquele núcleo comunitário, começam a receber os valores, somente isso. O que acontece, possivelmente foi informado que algum policial militar não recebe, não estaria recebendo, e isso não é a realidade, é falacioso, é mentiroso, todos os policiais militares dos núcleos comunitários estão recebendo, somente aqueles do núcleo comunitário da Paulista, em virtude do processo ainda estar em criação não estão recebendo (essa ajuda de custo)”, disse.

O capitão da BM explica que na realidade, a atuação de toda Brigada é comunitária e que após aprovado o núcleo, os Policias Militares serão incorporados a ele. “Na verdade, a Brigada Militar toda é comunitária, todas as viaturas que trabalham em Campo Bom, e acredito que em outros municípios, são comunitárias. Essa célula na Paulista é fruto de um convênio devidamente formatado e regularizado. Após esse convênio desta patrulha que está sendo agregada for aprovado, os Brigadianos vão receber essa ajuda de custo. Mas a Prefeitura está passando esses valores rigorosamente ao Consepro, e o Consepro para a Brigada Militar”, explica.

Reimann avalia parceria. “Essa parceria entre Prefeitura Municipal, Consepro, Secretaria de Segurança Pública e Brigada Militar de Campo Bom, traz inúmeros resultados positivos para Campo Bom em segurança pública”, define o capitão, que explica que esta aprovação, agora, independe de Brigada Militar, Prefeitura ou Consepro. “O policiamento comunitário recebe uma valor, uma ajuda de custo, não foi aprovado ainda, temos que aguardar. Teremos, contando com o da Paulista, cinco núcleos ao todo. Para realizar policiamento nos bairros, rondas ostensivas, abordagem. As viaturas do Centro também atuam nos bairros”, finaliza o Capitão.

Texto: Taylor Abreu

Fotos: Arquivo JR