Mulheres conquistam mais cadeiras nas câmaras da região nesta eleição

Tanara, Maele, Janice, Mari, Rita, Kayanne e Greici reunidas em entrevista no Grupo Repercussão Foto: Melissa Costa

Região – As mulheres estão cada vez mais recebendo votos de confiança da comunidade na região. Prova disso, foram os resultados nas urnas das eleições municipais deste ano.

Em Araricá, por exemplo, pela primeira vez na história do município, cinco mulheres assumirão cadeiras no Legislativo a partir de 1º de janeiro de 2021. Este feito que se torna referência e história também na região, por tantas vagas em um único pleito ao sexo feminino.

Outro dado que mostra a força da mulher na política, é referente às candidatas mais votadas. Em Sapiranga e Campo Bom, de todos os candidatos ao cargo no Legislativo, duas mulheres lideraram a votação. Em Sapiranga, a professora Rita Della Giustina (PT) foi a mais votada com 1.681 votos. Professora Olívia (1.478) e Greice Medina (1.346) também foram eleitas.

Em Campo Bom, Kayanne Braga (PTB), recebeu 1.456 votos, 50 a mais do segundo colocado. Na cidade, também conquistaram cadeiras Gênifer Engers (973) e Sandra Orth (717). Em Araricá, uma mulher também foi a candidata mais votada. Maele Garcia (DEM) conquistou 307 votos. Também foram eleitas Janice Machado (210), Professora Tanara (151), Mari Dapper (124) e Jô Lima (118). Em Nova Hartz, somente Margarida (370) foi eleita.

Maele, Janice, Tanara, Mari, Rita, Kayanne e Greici (Foto: Melissa Costa)

Trocando experiências entre elas

O Grupo Repercussão reuniu quatro das cinco vereadoras eleitas de Araricá, as mais votadas de Sapiranga e Campo Bom, assim como Greici, que foi uma das grandes surpresas do pleito.Das sete reunidas, seis delas irão assumir uma cadeira no Legislativo pela primeira vez. Somente Rita já tem experiência, tendo sido reeleita neste ano. Cada uma traz consigo uma história e um motivo a mais que lhe impulsionaram a ingressar na política. O que todas têm em comum? Querem trabalhar em prol dos seus municípios e, mesmo que algumas sejam filiadas a partidos de oposição, garantem que o bem-estar da população está acima de partido.

Apesar de atuarem em cidades diferentes, elas pretendem manter contato e troca de experiências para legislar. Antes mesmo da posse, o grupo tem trocado ideias sobre projetos para seus municípios.

Em primeiro lugar, a cidade

As cinco eleitas concordam que o voto nelas representa a renovação na Câmara. “As pessoas pedem para não aceitarmos secretarias e cargos para sairmos da Câmara; o que é comum na cidade. Acredito que o voto na gente é uma grande renovação na política. E não quero ser mais uma, quero fazer a diferença. E, nós mulheres, sabemos ponderar razão e coração. Jamais vamos usar a tribuna para atacar uma a outra”, disse Tanara Werb.

Janice Machado conta que na campanha havia pedido por mais mulheres na política. “A comunidade apostava nessa mudança. As pessoas, inclusive, homens, pediam mulheres na Câmara. Não quero decepcionar, vou fazer o melhor de mim para a comunidade”. Maria Dapper reforça que as mulheres são uma “representativa grande e o povo se identificou, como se fosse um alento. Criou-se uma expectativa. Ideia é trabalhar para o povo, se são coisas que beneficiam a população não tem porque ir contra, só porque somos de outro partido”, disse ela, reiterando que a eleição acabou e que, a partir de janeiro, o foco principal são os projetos e a população.

Maele Garcia defende a participação ainda maior de mulheres na política, seja em Araricá, como nos demais municípios da região. “O povo elegeu querendo ver um trabalho diferente. Não menosprezar os homens, mas a mulher tem luta pela causa, por justiça, e um dos nossos objetivos é mais mulheres na política”, completa.

Gráfico das mulheres

*Parobé e Três Coroas não elegeram nenhuma mulher
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

“Ter sido eleita me fez crer que podemos começar um novo capítulo”, diz Jordana

Jordana Manuela de Lima é uma das cinco eleitas de Araricá. “Quando vi que fui eleita no site oficial, fiquei eufórica. Foi um sentimento de realização após todos os dias de lutas (que foram os da campanha eleitoral). A política está em descrédito com a população por toda corrupção que vemos nos noticiários, e ter sido eleita me faz crer que podemos começar um novo capítulo, fazendo uma nova política, com honestidade e seriedade”, disse ela, confiante no futuro.

Sobre as expectativas para assumir em uma gestão com mais mulher do que homens no Legislativo, Jordana cita esperança em dias melhores. “Ter sido uma das cinco mulheres eleitas em Araricá, fato inédito na nossa cidade, me deixa mais esperançosa pela renovação na política que tanto busco. Nós mulheres somos mais sensitivas e observadoras, e vamos levar para a câmara essas características para desempenhar nossa função da melhor maneira possível”.

Vereadora eleita, Jô de Lima

“É difícil, mas sei o que quero”

A professora projeta os próximos anos de muito trabalho. “Não tenho bandeira, defendo todas as causas. Tudo que a sociedade traz, a gente luta. Para a próxima gestão, a gente projeta interação maior, o segredo é estar direto com a comunidade. As pessoas encontram no nosso mandato, todas as pautas. Defesa da mulher, do idoso, da homofobia, da consciência negra…”.

Sobre ser mulher no meio político, Rita relata que sofreu preconceitos e até ameaças, mas não pensou em desistir. “Não tenho tempo a perder com ódio, sou movida a amor. A gente sofre fake news, perseguição, em 2016 tive meu carro quebrado, família cercada. Nessa eleição, usei outros carros por segurança e para evitar prejuízos. É difícil, mas sei o que quero e aonde quero chegar. Se nos atacam, é porque estamos fazendo o que é certo”.

Causa animal ganha duas fortes defensoras na política

Entre as eleitas, estão duas defensoras da causa animal: Kayanne e Greici. As duas afirmaram que irão legislar por toda a população, no entanto, enfatizaram que terão um olhar atento à causa animal, da qual são grandes defensoras e pela qual se tornaram conhecidas na região. “Sabemos que o papel do vereador não é para uma causa específica, porém, se Kayane fez essa votação expressiva é porque está faltando um olhar mais humano para essa questão dos animais. Óbvio que chegamos por ser mulher, tomando nossos espaços, nos apoiando, mas também porque nos apresentamos como protetoras da causa e precisamos honrar nossos votos”.

Greici também reitera a necessidade de um olhar aos animais e também irá atuar pelas comunidades e projetos sociais.