Justiça nega medida protetiva no caso da criança acorrentada em Sapiranga

Foto: Reprodução

Sapiranga – O caso da criança sapiranguense, de dois anos, que foi fotografada com uma corrente de ferro no pescoço e flagrada por uma vizinha, ganhou novos desdobramentos. O episódio aconteceu antes do Natal e mobilizou equipes do Conselho Tutelar, Brigada Militar e Polícia Civil de Sapiranga. O Grupo Repercussão apurou junto das autoridades envolvidas no caso que a investigação policial ainda está em fase inicial. Algumas testemunhas foram convocadas e prestaram esclarecimentos na Delegacia de Sapiranga.

 

A informação não foi confirmada pelas autoridades, mas a nossa equipe de reportagem descobriu que uma medida protetiva, com regramentos de distanciamento e afastamento da agressora, em favor da criança foi solicitada, mas o pedido foi indeferido pelo Poder Judiciário. Atualmente, o menor está residindo com o pai por força de determinação judicial e o processo está em segredo de justiça.

 

A advogada da mãe que acorrentou a criança, Ariane Pereira, que presta serviços jurídicos há anos para a mulher que é acusada de maus-tratos, conversou com um de nossos jornalistas e trouxe uma observação sobre a medida protetiva. “Eu vejo como um absurdo isso, porque ela vem fazendo a visita da forma como foi determinado pelo Judiciário. E a visitação vem sendo feita na casa da avó materna. E a avó materna vem me mandando os vídeos e as fotos dela com o menino. Ele (a criança) diz o tempo todo, mamãe te amo, mamãe te amo, mamãe te amo. A hora de ir embora é traumática. Ele se gruda no pescoço dela e sai chorando”, disse Ariane.

 

Ariane Pereira

“MINHA CLIENTE SOFRE UM TRAUMA ENORME”

O caso da criança acorrentada ganhou destaque em praticamente toda a mídia do Estado. “Lógico que o fato não se justifica. É claro que se tem conhecimento da gravidade. Mas, realmente, há um histórico anterior gravíssimo envolvendo os pais desta criança. Inclusive de um quadro de extrema violência por parte do pai dessa criança com a mãe, que sofreu consequências físicas e psicológicas que ela tenta superar até hoje. O trauma dela é enorme. Tanto é que vem fazendo tratamento psicológico desde o ocorrido. As visitas são realizadas conforme a Justiça determinou e o carinho é recíproco entre mãe e filho. A separação é muito dolorosa, mas a ordem judicial é respeitada e ela espera o mais rápido possível estar, novamente, com a guarda do filho”, pontua Ariane.

PONTO DE VISTA

O Grupo Repercussão conversou com o advogado do pai da criança que foi flagrada acorrentada. Uma contextualização do caso foi abordada através de nota. “O menor está residindo com o pai. Para evitar maior exposição, não prestaremos mais detalhes, como forma de resguardar as partes, principalmente a criança. Agradeço pela compreensão e estamos à disposição”, cita a nota enviada pelo advogado, Júnior Cezar Pires Medeiros, do escritório Imich e Medeiros Advogados.