Eleições 2016 – A imprensa e a democracia

Editoral do Jornal Repercussão

Passado o período eleitoral – onde fanatismos políticos ficam mais aflorados – é hora de refletir sobre este momento único possibilitado pelo Estado Democrático. Todos os eleitores puderam, através do voto, definir aqueles que comandarão os municípios nos próximos quatro anos.

Foram pouco mais de 40 dias de campanha, nos quais o eleitor pôde conferir propostas e planos de governo dos candidatos. Mesmo com modificações na forma de divulgação das propostas – proibição de cavaletes, por exemplo – é possível afirmar que esta eleição teve uma importante marca: o fim do financiamento empresarial de campanhas. Indutor da corrupção na política – nenhuma empresa doa por caridade, e sim por interesses em contratos e licitações no âmbito do poder público – o fim da doação de recursos por empresas, talvez, seja o avanço mais extraordinário desta eleição.

Fora as questões de cunho monetário, é preciso destacar o aumento de candidatos que concorreram aos cargos de vereador e prefeito em 2016. Nunca tantos candidatos concorreram: foram 445 a vereador e 13 a prefeito em quatro municípios. Outro destaque fica por conta da renovação nas Câmaras Municipais. Dos 36 vereadores que tentaram a reeleição em Campo Bom, Sapiranga, Araricá e Nova Hartz, apenas15 conquistaram a aprovação do eleitorado e foram guindados para exercer mais um mandato de quatro anos. Daqueles que tentaram se manter no cargo de prefeito (a), o resultado demonstrou que apenas Corinha Molling (PP) se reelegeu na região de abrangência do Repercussão.

Aliás, entrando nas questões locais, é preciso contextualizar alguns métodos, seguidamente usados pelas lideranças locais: a realização de obras públicas às vésperas da eleição municipal. Entregar obras a poucas horas da eleição precisa ser banida do contexto do poder público. É esse tipo de política que a sociedade brasileira abomina, não aprova e não quer ver mais acontecer nas nossas cidades. O eleitor quer ver ações, obras, novos serviços e intervenções no mobiliário urbano e nos espaços públicos desde o primeiro dia de governo. E não nos últimos 120 dias do mandato das lideranças. Pipocaram exemplos em Araricá, Campo Bom, Nova Hartz e Sapiranga, de ações eleitoreiras sendo aplicadas a poucos dias da eleição. A resposta do eleitor para este tipo de expediente veio nas urnas em Campo Bom, Araricá e Nova Hartz.

Do ponto de vista administrativo, de gestão e do aproveitamento (indevido) do uso da máquina pública nas campanhas políticas, é preciso repudiar o uso pelos partidos de CCs, DCAs e secretários – com altos salários – na captação de votos, no horário que deveriam estar trabalhando pelo bem da cidade. Um verdadeiro escândalo.

Afora estas questões, cabe ressaltar o papel da imprensa no contexto das eleições municipais. O Jornal Repercussão – ao contrário de outros veículos – se manteve neutro durante todo o processo eleitoral. Quando foi necessário publicar uma notícia negativa – como o encerramento das atividades da Calçados Daiby, onde 100 trabalhadores foram demitidos – o Jornal Repercussão não titubeou e publicou a notícia. Quando o desafio de organizar um debate eleitoral bateu à porta, o Jornal Repercussão abraçou a causa, construiu parcerias, e organizou um encontro que reuniu oito candidatos a prefeito em duas cidades. Só não ocorreram debates em Araricá e Nova Hartz por falta de vontade dos candidatos de oposição nos dois municípios. Leitores e internautas que seguem há quase quatro anos o trabalho exemplar do Jornal do Repercussão, reconheceram a importância do momento e prestigiaram os debates, permitindo audiência recorde nos dois encontros. No momento em que a política foi levada para a página policial – caso de Campo Bom – o Jornal Repercussão mostrou prudência e publicou a verdade, sem puxar para nenhum lado, com vistas a incriminar ou prejudicar determinado candidato. Quem investiga é a polícia e quem aplica a pena é o juiz. A imprensa, analisa e noticia os fatos.

E é dessa forma que o Jornal Repercussão continuará o seu trabalho, sério e transparente.