Campo Bom – Em tempos onde a população vai às ruas e cobra mais transparência daqueles que estão no poder, a Câmara de Vereadores campo-bonense ainda possui uma prática antiga: o voto secreto. Resquício dos anos de chumbo, onde a opressão e a repressão às vozes discordantes da Ditadura Militar resultavam em prisões e mortes por tortura, a prática do voto secreto foi usada na semana passada, quando Jair Wingert (PSB) foi suspenso por 30 dias (ou quatro sessões).
Mas a vigência do voto secreto na Câmara de Vereadores de Campo Bom, principalmente, em temas que geram um debate acalorado, parece mesmo estar com os dias contados. Logo após a votação histórica que suspendeu Wingert, o presidente da Câmara, Max de Souza (PMDB), disse que convocaria os líderes de bancada para rever este método. Victor Fernando Souza (PCdoB), opositor do voto secreto, destacou que problemas de ordem democrática como este se resolve com a ampliação da própria democracia e que defende o voto aberto há vários anos.
Mesa Diretora convocará bancadas para apreciar o tema
O presidente da Casa, Max de Souza (PMDB), revelou ser totalmente favorável a abertura das votações. Ele acredita que em breve sentará à mesa de reuniões com as lideranças dos partidos para rever o artigo 142 do Regimento Interno.
* Max ressaltou que a mudança não ocorreu anteriormente, em virtude de um processo envolvendo a suspensão de Jair Wingert estar em andamento.
*Outro motivo que atrasa o fim das votações secretas no Legislativo campo-bonense é a análise no Senado Federal de proposta com o mesmo teor. Max entende que é mais prudente aguardar o desfecho da votação em Brasília, para depois apresentar proposta extinguindo o voto secreto.
*A alteração do artigo 142 do Regimento Interno da Câmara só pode ser apresentada para análise e votação em dois casos: o primeiro é se houver o entendimento de dois terços dos vereadores (oito adesões) e a segunda é se a Mesa Diretora fizer a indicação. “De forma isolada, por se tratar das regras da Casa, nenhum vereador pode apresentar matéria solicitando o fim das votações secretas sozinho”, explica Max, que entende que todas as votações, inclusive aquelas que elege o próximo presidente da Casa, deva ocorrer de forma aberta e não secretamente como é hoje.
