Sonho da construção da casa própria termina em pesadelo e ocorrência para famílias de Sapiranga

Primeiras famílias procuraram a delegacia na sexta-feira (Foto: Melissa Costa)

Sapiranga – O sonho da construção da casa própria se tornou um pesadelo para famílias de Sapiranga. Na sexta-feira (3), um grupo de moradores procurou a Delegacia de Polícia para registrar ocorrência contra uma incorporadora e construtora da Rua Tiradentes, do Centro de Sapiranga. Antes disso, o grupo denunciou à reportagem que todos são vítimas e procuraram a Polícia Civil para tentar minimizar os prejuízos.

A maioria das queixas são de que o contrato para a construção dos imóveis não saiu do papel e que taxas indevidas estavam sendo cobradas, assim como cheques para garantir o início da obra e a inclusão de serviços a parte. Um dos casais passou a tratar com a construtora em janeiro de 2021. “Eles começaram a cobrar taxas por fora e pressionaram que queriam cheques como caução. Logo, já percebemos que havia algo errado, mas como era a construção da nossa primeira casa, fomos cedendo aos pedidos. Depois, cobraram mais valor para muro a parte. Eles também receberam R$ 20 mil da primeira fase do financiamento e não nos devolveram nada”, conta o morador de Sapiranga, cujo terreno era no bairro Emancipação, de Parobé.

O casal rompeu com a construtura e contratou outra empresa. A casa está quase pronta. “A gente não dormia. O sentimento de impotência era muito grande. Depois descobrimos outros casos praticamente iguais. Queremos nosso dinheiro, assim como evitar que mais pessoas passem pelo que passamos”. As perdas são de valores acima de R$ 20 mil, para os casos que entrou o valor da primeira fase.

NOVOS CASOS, POLÍCIA E ADVOGADO

Entre outras vítimas também está uma corretora. Ela chegou a ter parte da casa construída, porém, não foi feito como deveria. “É minha casa, batalhei muito por isso. Eles começaram a cobrar taxas que não existem. Ao acompanhar o início da obra, vi que tinha coisa errada. Os materiais utilizados foram de qualidade inferior, ferros mais finos, entre outras coisas. Não foi como deveria”, disse ela, que rompeu o contrato e deu andamento na obra com outra empresa. “Gastei muito dinheiro para corrigir o que essa primeira empresa fez. Para não atrapalhar o financiamento, acabei arcando com a primeira fase da obra, que eles receberam do financiamento. Foram mais de R$ 20 mil. Esse dinheiro é meu e quero de volta”, disparou ela.

De sete famílias que procuraram o jornal, seis não tiveram a construção iniciada. “Ainda estamos morando de aluguel. Chegamos a trocar nosso carro por um de menor valor para pagar as taxas e hoje estamos nessa situação horrível. Eu, meu marido e minha filha seguimos no aluguel”, disse outra vítima, que também iria construir no Emancipação, em Parobé.

O delegado Clóvis Nei da Silva, que responde por Sapiranga, está analisando as ocorrências para saber se houve a prática de crime. “Vou fazer análise dos registros para ver o que realmente aconteceu com essa construtora, se houve estelionato ou não conseguiu adimplir (executar) os contratos”, disse ele.

Procurado pela redação do Repercussão, o advogado da empresa emitiu uma nota: “O advogado da empresa, Pedro Neubarth, vem informar que a mesma desconhece o procedimento em caso, tão pouco foi efetivamente intimada por quaisquer autoridades competentes. Sendo assim, quando obtiver conhecimento de mais informações, manifestar-se-à sobre o caso”.

O nome da construtura assim como a identidade das vítimas, estão sendo preservadas por se tratar de uma investigação que ainda está na fase inicial.