Sargento Aloir não reagiu a assalto, revelam testemunhas sobre crime no Uruguai

Despedida de Aloir aconteceu com honras militares (Foto: Joel Proença/JR)

Sapiranga – O assassinato do sargento Paulo Aloir da Luz, 56 anos, deixou o município de Sapiranga consternado no último final de semana. O policial militar foi baleado durante um assalto na manhã de sábado (21), em Rivera, no Uruguai, e morreu no hospital. Aloir integrava o batalhão do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) de Sapiranga, e também residia com a família no município.
Ele estava na companhia de mais três pessoas (duas, moradoras de Sapiranga) em uma van quando o veículo foi interceptado por três criminosos em um Gol prata. A ação criminosa foi flagrada por câmeras de segurança. Dois bandidos, com armas em punho, correm em direção ao veículo e anunciam o roubo. Em poucos segundos, a sangue frio, são efetuados disparos contra a van.

Aloir, que estava dentro do veículo, foi atingido no tórax e abdômen. Outro ocupante, de Sapiranga, se assusta e tenta fugir correndo com uma mochila. Ele acaba baleado na perna direita e tomba. “Os indivíduos pegam a mochila e o celular de uma das vítimas e fogem”, conta o delegado Laurence Teixeira, da 12ª Delegacia Regional de Polícia (DRP), de Santana do Livramento

Mesmo estando armado, conforme depoimento das testemunhas, Aloir não reagiu. Os bandidos estavam agitados e a demora, de poucos segundos, para a entrega de pertences das vítimas, foi suficiente para que disparassem. “Eles ordenaram que a van fosse aberta, e a demora nesse atendimento imediato, foi suficiente para eles atirarem contra o veículo”, conta o delegado.

ASSUMIRAM O RISCO DE MATAR 

Câmeras flagraram bandidos cometendo o roubo em Rivera, no Uruguai

Pelos depoimentos e provas coletadas nestes primeiros dias, o delegado Laurence reforça que o trio chegou decidido a cometer o crime e, a partir do momento, “que atiram, eles têm a intenção de matar ou assumem o risco por isso. Quando alguém atira assim, assume o dolo. Foi um assalto com morte em plena luz do dia. Isso é muito raro de acontecer aqui, apesar de ser uma fronteira em que circula muito dinheiro em espécie”, disse ele. A elucidação do latrocínio, com a prisão dos autores, é a prioridade da polícia. “As buscas foram intensas logo após o crime e já conseguimos localizar o carro (abandonado em uma casa) e o celular (jogado na rua em um bairro próximo)”.

RESPOSTA À ALTURA

O delegado Laurence garantiu que a investigação está bem avançada, com a união das forças policiais dos dois países, e espera que em breve o caso seja elucidado. “É nossa prioridade absoluta. Foi um crime de repercussão, comoção, e isso não é comum aqui. Vamos dar uma resposta à altura. Além de toda a gravidade, envolveu um agente da segurança pública, um pai de família, um avô, uma pessoa que estava há tantos anos na polícia. Também nos solidarizamos à família e aos colegas”. Aloir deixa a esposa, três filhos e três netos enlutados. O sargento ingressou na Brigada Militar em 25 de agosto de 1988. O enterro ocorreu segunda (23), no bairro Amaral Ribeiro.

“Um magnífico policial”, diz amigo

Sargento Aloir estava há mais de três décadas na corporação

O sargento Aloir é lembrado por todos como um excelente policial e amigo. O tenente da reserva, Fernando Mujica dos Santos, trabalhou com ele por cerca de 15 anos em Sapiranga. “Um policial exemplar e extremamente dedicado. Sempre disposto a ajudar e manter um bom ambiente de trabalho, zelando pela segurança de todos que estavam à sua volta. Policial reconhecido e querido por seus superiores e subordinados, pois agregava valores e muito disciplinado e correto em suas atitudes”, disse ele, lembrando, ainda, que o amigo era muito família. “Um homem extremamente preocupado e dedicado à sua família. Perdemos um magnífico policial (e amigo)”.