Providências | Diante do aumento de casos de roubos e furtos de veículos no RS, uma ofensiva contra o comércio ilegal de peças será desencadeada. Autoridades policiais comentam os índices da região
Região – A onda de furtos e roubos de veículos continua preocupando a sociedade. Somente em quatro municípios (ver tabela abaixo) no ano de 2015, a Secretaria de Segurança Pública (SSP/RS) registrou 561 furtos de veículos – queda de 2% comparado com 2014 – e no roubo de veículos o aumento foi de 7% no comparativo com o mesmo período.
Diante destas estatísticas, o governador José Ivo Sartori estabeleceu como prioridade o enfrentamento ao tráfico de drogas e aos crimes conexos, como os homicídios dolosos. Para o combate ao roubo de veículos, crime que possui influência nos índices de latrocínio, será desencadeada uma ofensiva contra o comércio ilegal de peças. A intenção é impactar diretamente na receptação dos veículos roubados. Esta ação é fruto da Lei dos Desmanches, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador José Ivo Sartori.
Porém, mesmo diante desta sinalização do governador, há entidades que avaliam ser necessário muito mais para devolver a segurança aos gaúchos. A presidenta da Associação dos Delegados de Polícia (Adesp), Nadine Farias Anflor, alerta que as delegacias do interior e da região Metropolitana, especificamente, em seus setores de investigação, contam com baixo efetivo, e que desta forma, fica humanamente impossível dar sequência nas investigações das quase mil ocorrências mensais que as delegacias atendem todos os meses. “Com a falta de estrutura e investimentos, o novo comando da Polícia Civil mudará a situação, somente se vier com respaldo maior do governo. Sem recurso ele não vai fazer milagre”, avalia Nadine.
Presidenta da Adesp critica mudança na PC
A presidenta da Associação dos Delegados de Polícia, Nadine Anflor, comentou a mudança no comando da Chefia de Polícia do Rio Grande do Sul. “Não adianta nada mudar o chefe de polícia, sem que ele venha com respaldo maior, investimento maior, com aquela responsabilidade e o discurso de que a segurança é uma prioridade”, avalia.
Outro ponto destacado por Nadine é de que a área da segurança pública precisa de investimentos. “Não é possível que se admita uma delegacia de área bastante violenta, com dois policiais em uma sessão de investigação. Isso é o que temos hoje, quando temos mais de mil ocorrências mensais. É humanamente impossível e os policiais vem fazendo além do que eles conseguem. O antigo chefe de polícia vinha fazendo um excelente trabalho, vinha fazendo além do que a estrutura que temos à disposição possibilita”, argumenta.
Campo Bom vê índices de furto e roubo de veículos diminuírem
Na contramão do Rio Grande do Sul e dos municípios da região, a cidade de Campo Bom registrou queda nos índices de roubo e furto de veículos, de 2014 para 2015. Em relação ao furto, os números foram de 345 em 2014 para 317 em 2015 e, em relação ao roubo de veículos, caíram de 195 em 2014 para 171 em 2015. Para o capitão da Brigada Militar de Campo Bom, Luciano da Cunha Veríssimo, um dos pontos que contribuiu para essa diminuição foi a prisão de uma quadrilha que atuava em Campo Bom, em 2015. “No Estado, tivemos um aumento de 32% nos índices de roubo e 7% de aumento no furtos. Em contrapartida, em Campo Bom, o cenário é diferente. Tivemos uma redução nos números de roubo no município de 13%, e de 9% nos furtos. Então, além de conseguir evitar um aumento nos crimes, conseguimos essa redução”, considera o capitão. “Acho que, primeiramente, as prisões que fizemos em 2015 têm um papel nesses resultados. Ano passado, prendemos, em uma ação conjunta entre a Brigada Militar, Ministério Público e com apoio da Polícia Civil, uma quadrilha que estava estabelecida em Campo Bom, que era especializada nesse tipo de crime.” Para ele, o trabalho do dia-a-dia também contribui para a diminuição dos casos de roubos e furtos de veículos na cidade. “Temos a parceria com o Departamento de Trânsito, na qual realizamos barreiras e contenções de trânsito todo dia, nas vias de acesso e saída da cidade, o que é um fator que já traz uma certa insegurança aos criminosos.” Outra ferramenta que auxilia o trabalho da Brigada Militar, segundo o capitão, são as câmeras de videomonitoramento.
Confira esta reportagem na íntegra na edição impressa do Jornal Repercussão.