Quase um ano e meio depois, viúva e enteado devem ser levados a júri pelo assassinato do tenente Contreira

Assassinato do tenente Contreira comoveu a região em 2020 Foto: Arquivo JR

Sapiranga – A juíza da Vara Criminal de Sapiranga, Rebecca Roquetti Fernandes, pronunciou os réus Ledamaris da Silva Contreira e Yago Rudinei da Silva Machado a júri popular pelo assassinato do tenente Glaiton da Silva Contreira, 52 anos. O crime ocorreu em outubro de 2020 e, desde as prisões efetuadas pela Polícia Civil, mãe e filho seguem recolhidos no presídio à espera do julgamento. Os dois estão sendo acusados de homicídio triplamente qualificado.

Conforme investigado pelo delegado Fernando Branco e sua equipe, e cuja acusação foi aceita pela Promotoria Pública, a viúva é apontada como mentora do crime e também de ter participação efetiva no homicídio. Na fase policial, Ledamaris, que foi presa semanas após o crime, preferiu se reservar ao direito de falar apenas em juízo. Na fase processual, alega inocência. O filho dela e enteado de Contreira, Yago é réu confesso. Ele foi preso logo após a localização do corpo do tenente e detalhou a ação na fase policial. Yago contou que dopou o padrasto e depois o levou até uma área verde e distante de Sapiranga, retirou o corpo do carro da família e desferiu o golpe fatal em seu pescoço.

A prisão do enteado momentos após a localização do corpo chocou a comunidade de Sapiranga e região. Além da crueldade com que a vítima foi assassinada, sendo degolada, horas antes Yago postou fotos abraçado no padrasto e pediu ajuda de todos, anunciando que Contreira estava desaparecido. Logo que o caso chegou à delegacia como desaparecimento, a investigação passou a atuar e, de imediato, percebeu contradições nos depoimentos. Enquanto a polícia ouvia colegas de farda, que registraram o desaparecimento, Yago e familiares, um morador localizou o corpo de Contreira, na Estrada Travessão Campo Bom.

 

NA NOITE DO CRIME, ENTEADO ASSUMIU SOZINHO A AUTORIA; VIÚVA FOI PRESA DEPOIS 

Enteado Yago é acusado de dopar vítima e desferir golpe no pescoço

Para a polícia, Yago assumiu sozinho a autoria do crime, sem citar a participação da mãe. No entanto, a acusação é de que Ledamaris foi a mentora do crime e teria usado o filho para praticá-lo. Conversas de WhatsApp entre os dois é uma das provas coletadas ao longo do inquérito. A motivação do crime seria de cunho financeiro, sendo que naquela semana do assassinato, Contreira sairia de casa, formalizando, então, a separação com Ledamaris. Conforme apurado pela delegacia e denúncia mantida pelo Ministério Público, a família não estaria satisfeita com o acordo financeiro da separação.

 

“A acusação é de homicídio triplamente qualificado”

A acusação dos réus está sendo feita pela promotora de justiça Karen Cristina Mallmann. Ela acusa os réus de homicidío triplamente qualificado: por motivo torpe (questões patrimoniais), a traição (surpreendido um ambiente seguro cercado pela própria família) e sem chances de defesa para vítima (dopado antes de ser levado ao local do crime). “Ele foi dopado pelos dois em casa e depois foi cortada a carótida. Estavam em uma situação familiar bastante conflituosa em razão da separação do Contreira e da Ledamares, e tinha toda uma discussão patrimonial, com divisão de bens. A casa ficaria em nome de um dos filhos e não de outro, isso se apurou como motivação para esse crime”, cita a promotora. A expectativa, se a decisão do Tribunal de Justiça permanecer, é de que o júri aconteça até final do ano.

 

Advogados fazem suas defesas: inocência e inimputabilidade

Viúva foi presa semanas depois do crime

A defesa de Ledamaris é da advogada Melina de Albuquerque Wilasco. Ela alega inocência. “Nossa tese é que Ledamaris é inocente. O corréu Yago assumiu a autoria na delegacia, apesar de ter permanecido em silêncio na fase judicial. As provas apontam nesse mesmo sentido, ou seja, Ledamaris não cometeu o crime, tampouco anuiu com a ação do filho Yago, que possuía motivo pessoal para o cometimento do delito”. A advogada de Yago é Michelle Jociane Ali Zini e ela defende a inimputabilidade, ou seja, Yago não tinha condições de discernir e compreender o crime que praticava. Apesar do laudo do Instituto Pisiquiátrico Forense atestar ao contrário, Michelle diz que ainda não se esgotaram todos os meios técnicos para excluir a inimputabilidade.