Polícia indicia funcionário que desviava calçados de indústria

Esquema envolvia outras duas pessoas: um lojista e um exportador

Nova Hartz – Esta semana, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investigou um esquema que pode ter desviado milhares de pares de uma das indústrias calçadistas do município. Após a coleta de depoimentos e a quebra de sigilos telefônicos, a polícia indiciou duas pessoas por furto qualificado. Entre os indiciados está o próprio funcionário da empresa e que trabalhava por 30 anos na indústria calçadista, o exportador proprietário de uma trader, de Novo Hamburgo, e o lojista, que foi indiciado por receptação qualificada.

Conforme informações do setor de Investigação da Delegacia de Nova Hartz, os próprios gerentes da indústria perceberam o desvio e denunciaram o fato à Polícia. “Os revendedores da marca começaram a reclamar na indústria que havia produtos da marca sendo comercializados na região por até 1/4 do valor de mercado. Foi então que iniciamos a pesquisa e descobrimos que havia uma pessoa que revendia esses calçados desviados pelo Facebook. Pedimos autorização da Justiça e cumprimos um mandado de busca e apreensão na casa dessa pessoa. Aí, descobrimos que essa pessoa comprava de um lojista, de Sapiranga, para revender”, contextualiza o investigador.

Com uma base sólida de informações e do caminho que os lotes faziam para deixar a fábrica, os policiais chegaram ao funcionário da indústria que era o responsável pelo desvio dos calçados. “Ele separava o calçado novo como se fosse com defeito e passava para um intermediário, de Novo Hamburgo”,cita.

Exportador deveria comprar calçados e revender para outros países
Conforme a investigação avançava, os policiais foram informados que esse intermediário – dono de uma exportadora de calçados, de Novo Hamburgo – na realidade, deveria apenas comprar os calçados com defeito da fábrica, para revender em outro continente/país. “A fábrica não queria revender o seu próprio produto no mercado interno. Esse exportador comprava grandes lotes. Foi então que esse funcionário fechou um acordo com esse exportador e passou a colocar calçados novos junto com os calçados com defeito”, explicou o investigador, que acredita que antes do embarque, o exportador separava o calçado bom do com defeito para revender.

Prejuízo de R$ 200.000,00
Após convocar os envolvidos para prestar depoimento, a Polícia Civil soube que os calçados eram revendidos por preços irrisórios – entre R$ 30,00 a R$ 40,00 – enquanto um par novo, na loja, custava até R$ 240,00. “Em uma ação, em 2017, em Sapiranga, apreendemos 223 pares de calçado sem procedência. Os calçados novos, o funcionário revendia para o exportador a R$ 3,00 a R$ 4,00 o par. Calculamos que foram desviados uma média de 1.500 pares e o prejuízo pode ter se aproximado de R$ 200 mil”, comenta o policial. Imagens de câmeras internas da indústria foram usadas na investigação, mas não foram anexadas ao inquérito. O funcionário que fazia o desvio recebia, em média, cerca de R$ 300,00 a R$ 400,00 por remessa acertada com o exportador. O lojista de Sapiranga, com 30 anos de atuação no setor, primeiro disse que não conhecia os integrantes do esquema, depois revelou sua participação. “Inclusive, no dia que o funcionário foi flagrado desviando calçados da indústria, flagramos ligações suas com o exportador”, atesta o investigador. O delegado responsável informou que a Polícia Civil continua trabalhando para coibir este tipo de crime no município.

Texto e fotografia: Deivis Luz