Polícia identifica relação de morte com pirâmide financeira local

Sapiranga/Região – Profunda e minuciosa investigação de cinco meses da Delegacia da Polícia Civil de Sapiranga esclareceu um homicídio, ocorrido em janeiro deste ano, e trouxe à tona um velho problema que envolve estelionato e lavagem de dinheiro: as pirâmides financeiras. E, novamente, ao constatar que foram enganadas, vítimas que aportaram recursos foram atrás de explicações. Porém, no caso investigado pela Delegacia de Sapiranga, desta vez, os investidores erraram a dose e foram descobertos como sendo os principais autores pela morte de Maurício Antônio Pastorio Dalpiaz.

O delegado da Polícia Civil de Sapiranga, Fernando Pires Branco, explicou que pai e filho, presos na ação, negociaram R$ 200.000,00 de investimentos em criptomoedas com Maurício: “A negociação ocorreu entre a metade e o fim de dezembro de 2019. A vítima (Dalpiaz) possuía uma empresa (One Seven Company) e se passava por investidor em criptomoedas. Identificamos imagens de câmeras em que aparecem os autores do homicídio arrebatando a vítima na própria residência com um automóvel Palio, de cor branca. Horas depois, Dalpiaz foi encontrado morto”, detalhou Branco.

Na coleta do depoimento de pai e filho na Delegacia de Sapiranga, o assassino admitiu que usou o carro para levar a vítima até o local onde Dalpiaz foi morto.

Maurício também estava envolvido na morte do Márcio Rodrigues dos Santos, líder da D9 Trader, morto em Santa Catarina, em 2018.

Dalpiaz foi preso pela morte de Márcio Rodrigues

Dalpiaz, encontrado morto em 11 de janeiro de 2020, às margens da Rua Kraemer Eck, no bairro Centenário, arrebatou em agosto de 2018, o líder do Vale do Sinos da organização criminosa D9 Trader, em um posto de gasolina, em Balneário Camboriú, e executou Márcio Rodrigues dos Santos, em uma região litorânea na Avenida Interpraias. Márcio e o seu automóvel, um Audi A4, foram encontrados carbonizados. Dalpiaz matou Márcio devido ao fraudulento esquema de pirâmides financeiras, desarticulado pela Delegacia de Sapiranga, em 2018. Agora, foi a vez de Dalpiaz ser morto.

Em 8 de maio, após investigações, em Campo Bom e Porto Alegre, dois homens, pai e filho, foram presos acusados do homicídio. Após intenso interrogatório com duração de duas horas, e após entrar em contradição diversas vezes em relação às provas apresentadas durante a investigação, um dos acusados assumiu a autoria do crime e descreveu detalhes do homicídio.

Detalhes foram cruciais

A Polícia Civil de Sapiranga informou que pequenos detalhes foram cruciais para o desfecho e esclarecimento do crime. Entre as evidências coletadas, pesaram fotos de aplicativo de troca de mensagens do investigado (Dalpiaz). Elas mostravam um cão, o qual também aparecia nos contatos de WhatsApp de outra linha telefônica a qual efetuou negociações financeiras para o pagamento do veículo utilizado no crime. Os dois presos foram encaminhados ao sistema prisional e seguirão à disposição da justiça. Questionado sobre o tamanho do esquema da One Seven Company o delegado Branco explicou que o modus operandi usado por Dalpiaz era o mesmo de outras pirâmides, como a D9 Trader e a Elite V8: “Faziam palestras e ludibriavam as vítimas. Não aprofundamos estes aspectos, pois nosso objetivo foi esclarecer o homicídio”, ponderou o delegado.