Polícia Civil de Sapiranga desarticula quadrilha de crimes digitais que atuava com alta sofisticação

Computadores, medicamentos proíbidos para a venda, chips de telefones e demais materiais apreendidos pelos agentes na operação Foto: Melissa Costa

Sapiranga – A Polícia Civil de Sapiranga conseguiu, novamente, desferir um duro golpe no crime. Dessa vez, a equipe coordenada pelo delegado Fernando Branco desbaratou uma quadrilha especializada em crimes digitais, que atuava com alto nível de sofisticação e tecnologia, além de deixar rastros quase inalcançáveis. No entanto, em cerca de três meses de investigação dos agentes sapiranguenses, que iniciou por um crime de tentativa de extorsão pela rede social Facebook, os agentes conseguiram materialidade para solicitar à justiça prisões temporárias e mandados de buscas e, com isso, os policiais prenderam quatro acusados. Além de elucidar a extorsão, os agentes descobriram ainda mais ilegalidade, flagrando a comercialização do medicamento Cytotec, que é abortivo e cuja venda é proibida no Brasil.

Os mandados de prisões e buscas foram cumpridos nesta terça-feira em Arroio do Sal e Caxias do Sul. Em Arroio do Sal, foram presos T. L. S., 20 anos, por extorsão, e L. S. C., 32 anos, em flagrante por tráfico de drogas. Em Caxias do Sul, L. J. B, 54 anos, foi preso por extorsão e M. S. B., 27 anos, por venda de medicação controlada. Todos também responderão por associação criminosa.

Cada comprimido é vendido por R$ 100

Conforme levantado pela Polícia Civil, os criminosos vendiam cada comprimido abortivo por R$ 100,00 e, em média, seriam necessários até quatro deles para concluir o procedimento ilegal do aborto. Foram apreendidas duas cartelas, contendo 28 comprimidos, o qual tem sua restrição de venda na Portaria SVS/MS nº 344/98. “Acreditamos que exista um depósito destes medicamentos. Vamos seguir investigando para descobrir onde é feito o armazenamento, assim como a procedência, de onde eles adquirem o produto ilegal”, explica o chefe da investigação de Sapiranga, Carlos Medeiros.

Os quatro presos foram encaminhados ao sistema prisional, ficando à disposição da justiça. Os dois presos em Caxias do Sul se tratam de pai e filho e, conforme apurado até o momento, a Polícia Civil acredita que os dois presos em Arroio do Sal, que são um casal, e o filho em Caxias, atuam juntos na venda medicação abortiva. A operação nesta terça iniciou logo após às 5 horas e encerrou na madrugada desta quarta, com o registro.

Quadrilha sofisticada, com uso de tecnologia de ponta e que, possivelmente, fazia vítimas em todo o Rio Grande do Sul

A operação desencadeada nesta terça é a primeira etapa, devendo ter mais ramificações no decorrer da análise dos materiais coletados. Nos dois endereços, foram apreendidos seis notebooks, uma central de informática, oito telefones celulares e mais de 200 chips de telefone. “Agora, vamos fazer a análise dos equipamentos digitais e pode haver, sim, outros crimes cometidos, como golpes da OLX, nudes e outros. É uma quadrilha extremamente sofisticada. Eles utilizavam telefones com linhas de fora do Rio Grande do Sul e cada contato se utilizava uma linha diferente”, conta o chefe da investigação, citando ainda a gama de equipamentos. “Eles tinham grande aparato digital, sistema sofisticado para burlar localizações, inclusive, identificamos uma sede em Caxias, com sistema de VPM e com computadores espelhados à distância, trabalhando de forma remota (exemplo de Arroio do Sal). A polícia seguirá a investigação e acredita que o bando pode ter atuado em todo o Estado. “Essa quadrilha fazia grande investimento em equipamentos. Eles tinham, por exemplo, dois grandes nowbreaks, acesso remoto 24 horas, sistema de ventilação para as máquinas, a central nunca parava. Acredito que chegamos no coração de uma quadrilha de crimes digitais que atua, possivelmente, em todo o Estado”.