Parobeense é assassinado em Araricá e DP de Sapiranga identifica autores; seguem buscas pelo corpo

Inicialmente, suspeita era de que corpo da vítima pudesse estar carbonizado junto ao carro. Mas veículo foi somente incendiado e abandonado em Taquara (Fotos: Melissa Costa)

Araricá/Região – Estão sendo semanas de intenso trabalho investigativo para elucidar uma execução cometida nas vésperas do Natal. Os assassinos tentaram apagar provas, ocultaram o corpo e incendiaram o carro da vítima, no entanto, todas as manobras não barraram as técnicas e agilidade da Polícia Civil de Sapiranga para juntar o quebra-cabeça e desvendar o ocorrido.
O morador do bairro Santa Cristina do Pinhal, em Parobé, Natalino Gaspar da Silva, 54 anos, foi executado no dia 23 de dezembro e, após um trabalho minucioso dos agentes, coordenados pelo delegado Fernando Branco, descobriu-se que o crime foi cometido em um bar de Araricá. A ocorrência iniciou com o registro do seu desaparecimento por um familiar. Natalino teria desaparecido após ir para Araricá “buscar” um dinheiro dias antes do Natal.
Seu veículo, Mercedes Benz Classe C, foi localizado em chamas na noite do dia 23 de dezembro em meio a um campo de milho no interior de Taquara, quase divisa com Gravataí. Inicialmente, a suspeita dos agentes era de que o corpo (restos mortais) pudesse estar junto ao carro. No entanto, após levantamento pericial no local, se constatou que os bandidos apenas desovaram e incendiaram o carro no região.

Pistas levam ao local do crime

Ao mesmo tempo em que o veículo de Natalino foi localizado no milharal, a Polícia Civil de Sapiranga, que também responde por Araricá, passou a buscar informações do seu paradeiro e sobre a possível ida da vítima até Araricá. “Informações nos levaram para um bilhar às margens da rodovia. Pessoas nos relataram que viram marcas de sangue no local”, conta o chefe da investigação, Carlos Medeiros. “Durante o processo investigativo, chegou denúncia para a equipe que pessoas viram essas manchas de sangue no local e ainda nos relataram que o indivíduo (Natalino) havia sido esfaqueado, inclusive, os assassinos também teriam utilizado arma de fogo. Uma vidraça do local chegou a ser explodida naquele dia do crime”, complementa o chefe da investigação, que esteve no local com sua equipe.

 

Prisão de proprietário por tráfico de droga e perícia encontra marcas de sangue

Dias após a localização do carro queimado e com a denúncia de que a vítima havia sido executada no bar, os policiais foram até o endereço fazer diligências. Chegando no local, flagraram a prática de tráfico de drogas e prenderam o proprietário. “Inclusive, nesse dia, havia um usuário lá que confirmou a compra e que o bar era também um ponto de tráfico. Este bar, ainda, era alvo de diversas denúncias à investigação de tráfico de drogas”, conta Medeiros. Uma nova equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP), assim como ocorreu no local do carro queimado, foi acionada e compareceu no bar para fazer o levantamento e confrontar com as informações repassadas pela denúncia aos agentes. Os peritos, através de técnicas avançadas, conseguiram localizar marcas de sangue no bar, mesmo o chão e paredes tendo sido lavados.

MORTE, PRISÕES E FUGA

Conforme apurado pela equipe de investigação, e com auxílio de câmeras de segurança, foi possível confirmar que o crime ocorreu depois das 16h30 do dia 23 de dezembro. A vítima chegou ao bilhar às 16h30 dirigindo a Mercedes. Exatamente às 16h47, um homem vestindo camiseta preta sai do local, manobra a Mercedes na lateral, em uma garagem. Essa manobra ocorreu após uma intensa movimentação dentro do bar (possivelmente após a morte de Natalino). Em alguns minutos, outro indivíduo de camiseta vermelha sai, entra em uma Ranger preta e se retira em alta velocidade, seguido da Mercedes. O carro de Natalino é encontrado na mesma noite, por volta das 21h30, em chamas no milharal em Taquara. A suspeita é de que os envolvidos no crime se dividiram e, enquanto alguns se responsabilizaram em dar fim ao carro, colocando fogo e abandonando-o longe; outros ocultaram o corpo da vítima.
Com base em todo levantamento de imagens e depoimentos, a Polícia Civil solicitou a prisão temporária de três suspeitos do crime. Dois foram presos na tarde de quinta-feira passada, dia 21, em Araricá. Um terceiro fugou da polícia e segue foragido.

DÍVIDA DE R$ 50 MIL

*No interrogatório, um dos presos alegou inocência mas declarou que presenciou o que ocorreu no bilhar. Ele contou que aconteceu uma discussão, com disparos de arma de fogo e que a vítima foi esfaqueada.

*A motivação da briga seria uma dívida que a vítima tinha de R$ 50 mil com um dos acusados. Essa dívida seria oriunda da compra de cocaína. Um dos acusados é apontado como fornecedor de droga para o bar.

*A polícia também conseguiu apurar que o corpo de Natalino teria sido desovado em uma área de loteamento no município de Araricá. Os restos mortais teriam sido enterrados na sequência do crime.

*Na sexta-feira, dia 22., A Polícia Civil realizou diligências em dois loteamentos, com apoio de imagens de drone e da equipe K9 (de cães farejadores), mas não conseguiu localizar o corpo. “Seguimos as buscas e a investigação, que pode apontar mais envolvidos no crime”.

“Convicção dos fatos e da autoria”, diz delegado

O delegado Fernando Branco ressalta que a equipe tomou ciência do fato e, de imediato, passou a investigá-lo. “Como já disse em outras oportunidades, os crimes dolosos, contra a vida, ocupam uma posição de destaque dentre as nossas prioridades porque entendemos que devemos reprimi-los com severidade e o mais rápido possível para que eles não voltem a acontecer”. Apesar da equipe ainda não ter conseguido localizar o corpo da vítima, Branco afirma que, baseado em todo o trabalho já feito, tem plena convicção de que o crime foi cometido. “De fato, a questão do corpo ainda está em aberto e estamos tentando resolvê-la, mas ainda não tivemos êxito. Embora não tenhamos localizado o corpo, temos convicção dos fatos, de que o homicídio ocorreu, assim como da sua autoria. As nossas provas são robustas para apontar os autores deste homicídio qualificado”, pondera o delegado.