Padre é indiciado pela Polícia Civil por estupro de coroinha quando ele ainda era menor em Riozinho

Caso foi investigado por mais de cinco meses pela Polícia Civil de Riozinho Foto: Divulgação

Riozinho – O padre da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Riozinho, foi indiciado pela Polícia Civil do município por estupro de menor. Ele é acusado de abusar sexualmente de um coroinha e ajudante da igreja. O caso veio à tona em setembro deste ano, quando a vítima, que agora já é maior de idade, decidiu fazer a denúncia à polícia. Conforme relato da vítima, os abusos teriam iniciado em janeiro de 2013, quando ele ainda era adolescente, com cerca de 14 anos, e somente cessaram no início de 2019, seis anos depois.

 

O delegado que esteve à frente do inquérito, Gustavo Menegazzo da Rocha, conta que o trabalho da Polícia Civil, a seu pedido, ocorreu com sigilo de justiça e foi finalizado na semana passada, com o indiciamento do religioso. “Por se tratar de um inquérito de abuso, tivemos inúmeros cuidados. A vítima nos procurou, registrou o boletim de ocorrência e, na sequência, prestou depoimento. Desde então, conduzimos a investigação até semana passada, quando finalizamos o inquérito”.

 

O delegado ressalta que em quase três meses, além da vítima, também foram colhidos depoimentos dos pais do rapaz, da psicóloga que tratou o trauma, assim como foram cumpridos mandados de buscas na casa paroquial e na igreja. “Também juntamos ao inquérito diversas conversas de WhastsApp. Em razão dos anos que passaram, não havia como solicitar provas periciais, mas conseguimos outras provas que consideramos suficientes”, explica.

 

Oitiva do religioso durou duas horas e ele negou as acusações, diz delegado

A Polícia Civil também ouviu o religioso. Segundo o delegado Gustavo, a oitiva durou cerca de duas horas. “Ele negou. Em alguns momentos, na nossa avaliação, caiu em contradição. Negou e isso está registrado nos autos. Tudo que poderia ser feito em provas judiciárias, nós fizemos. Encaminhamos ao Judiciários e indiciamos ele por crime de estupro contra menor. Para nós, há elementos suficientes sobre a prática do crime”, reitera o delegado. Nomes da vítima e do acusado não estão sendo divulgados pela Polícia Civil por se tratar de um inquérito em crime praticado quando a vítima ainda era menor de idade.

Relatos e provas colhidas embasam trabalho da polícia

Os depoimentos, materialidade e laudos apurados ao longo da investigação levaram o delegado Gustavo a optar pelo indiciamento do sacerdote. Os abusos, conforme apontado pela Polícia Civil, ocorriam na Casa Paroquial. “Não são somente os depoimentos, conseguimos elementos que nos levaram a encerrar este trabalho indiciando o acusado. Depois das buscas que efetuamos, por exemplo, algumas coisas se confirmaram”, explicou o delegado, sem entrar em detalhes e preservando a investigação. As conversas registradas em whatsApp também estão sendo utilizadas pela Polícia Civil. “Elas também são usadas como elementos”.

Remetido ao Fórum na semana passada, agora o processo seguirá os trâmites no Judiciário. Se condenado por estupro de menor, neste caso, a vítima tendo entre 14 e 18 anos, o código penal prevê pena de 8 a 14 anos de prisão.

Diocese de NH

O religioso investigado e indiciado pertence à Diocese de Novo Hamburgo, que abrange a paróquia de Riozinho. A redação do Grupo Repercussão entrou em contato com o bispo Dom Zeno Hastenteufel, que se demonstrou surpreendido pela conclusão da Polícia Civil, assim como pela própria investigação. “Não estava sabendo que havia um caso desse em andamento na polícia em Riozinho”, disse o bispo. Sobre a situação do sacerdote na paróquia, o bispo ressaltou que, oficialmente, nem a diocese e nem o padre foram notificados sobre o teor das conclusões e do processo recebido pelo Judiciário. Conforme o bispo, o procedimento quando ocorre de um padre virar réu em processo é ele ser afastado. “No entanto, neste caso, ainda não podemos fazer nenhuma afirmação. Precisamos nos inteirar do que está acontecendo”, ponderou.