Operação Christine: Após seis meses, Polícia Civil de Sapiranga soluciona caso da morte de jovem encontrado embaixo do próprio carro em Araricá

Sapiranga/Araricá – Após seis meses de trabalho árduo, a Polícia Civil de Sapiranga chegou a solução de um caso que se mostrou extremamente dificultoso: a morte de William Silveira de Souza, de 24 anos. William de Souza, popularmente conhecido como Willian Milaninho, foi encontrado morto com sinais de espancamento, embaixo do próprio veículo, um Volkswagen Gol, de cor branca. O corpo do rapaz estava na estrada Porto Palmeira, na divisa de Sapiranga com Araricá, e foi encontrado por populares que alertaram a Brigada Militar por volta das 6h do dia 14 de janeiro.

A Polícia Civil revelou os aspectos do crime. Um desentendimento teria sido a causa do espancamento e da morte. De acordo com informações obtidas durante a investigação, a Polícia Civil descobriu que a vítima era um usuário habitual de cocaína, e costumava frequentar postos de combustível em Sapiranga, onde se reunia com grupos de pessoas para beber, comprar e consumir drogas. Há informação, ainda, de que a vítima costumava aplicar pequenos golpes nestes grupos de pessoas, aproximando-se delas e arrecadando dinheiro para supostamente comprar cerveja, quando na realidade, iria desaparecer com o dinheiro e comprar drogas para usar.

Ofensas que motivaram o crime

Em um determinado dia, Souza teria ido até o posto com o intuito de comprar e usar drogas. No local, ele se reuniu com um grupo de pessoas, e o traficante D.W.P, de 21 anos, que estava junto do grupo, teria pedido o carro de Souza emprestado para buscar as drogas, mas a vítima negou e arrancou com o veículo. Após, o traficante conseguiu outro carro e foi atrás da droga para o grupo usar. Na ausência do traficante, a vítima retornou ao posto e em conversa com outras pessoas, ofendeu o traficante, além de afirmar que não emprestaria o carro para ele. Depois disso, a vítima saiu do local, o traficante retornou e soube das ofensas. Irritado, afirmou que mataria William de Souza. Quando a vítima retornou, querendo usar drogas, o traficante disse que daria as drogas, mas a vítima teria que dar uma carona para ele e para M.G, 21 anos, M.H.M, 18 anos, e R.G.L, 33 anos, até outra localidade para que consumissem a droga.

Desfecho do crime e as prisões

Após aceitar a condição do traficante, a vítima deixou que os assassinos entrassem no carro. Eles foram até o bairro Campo da Brazina, em Araricá. No local, o traficante, que estava sentado no banco atrás do motorista (vítima), teria “gravateado” a vítima e ordenado que os outros começassem a bater nele. Após alguns momentos, a vítima desmaiou devido as agressões, e foi tirada de dentro do carro. Neste momento, o traficante entrou no carro e passou com ele ao menos três vezes sobre a vítima. Após, R.G.L e M.G fogem do local, enquanto o traficante D.W.P, junto de M.H.M, colocam a vítima, ainda viva e gemendo – segundo testemunhos -, no porta-malas do veículo, e vão para a estrada Porto Palmeira, na divisa de Araricá e Sapiranga. No local, tiram a vítima do carro e o traficante passa novamente mais três vezes sobre ele. Após o crime, D.W.P e M.H.M tentam sair com o carro do local, mas ele fica atolado na lama, então os dois abandonam o veículo sobre Souza e fogem.

Após o crime, todos os envolvidos fugiram para diferentes localidades. Com poucas informações e sem a identificação, a Polícia Civil realizou um trabalho minucioso de coleta de informações, e descobriu as identidades. D.W.P. havia fugido para Rolante, onde foi preso em 14 de maio. R.G.L havia fugido para o Ceará. Através de uma parceria com o delegado de Cedro (CE), Caio Tomazini Munhoz Moya, R.G.L prestou depoimento em Cedro, e foi preso no local. M.G havia fugido para Santa Catarina, porém, retornou a Sapiranga e foi preso. M.H.M foi preso em Taquara.

Indivíduos chegaram a fugir para Florianópolis e Ceará

Rota de fuga dos envolvidos

Caso definitivamente resolvido

De acordo com a Polícia Civil de Sapiranga, o caso está oficialmente encerrado. Após cerca de seis meses, os envolvidos foram todos capturados e prestaram depoimento, tendo inclusive, todos admitido participação do começo ao final do crime. “Era um inquérito que estava a princípio sem solução, um crime bem complicado, mas identificamos todos os participantes, inclusive, todos prestaram depoimento e confirmaram a história”, relata o chefe de investigação.

Até o assassinato de Souza, M.G. não possuía antecedentes criminais, assim como M.H.M e R.G.L. D.W.P. possuía antecedentes por tráfico de drogas. Para o sucesso da investigação, foi decisiva a imersão em locais públicos, para buscar informações de crimes, tática que vem sendo utilizada desde 2018.

Fotos: Polícia Civil