Nove dias antes do crime, vítima de feminicídio em Araricá registrou ocorrência de violência doméstica

Ex-companheiro capotou veículo (foto maior - Crédito PRF) após matar a vítima Deise (foto menor)

Araricá – Uma comunidade perplexa com a crueldade do assassinato da moradora de Araricá, Deise Silva, de 28 anos. Ela foi espancada e atingida com um tiro da cabeça no final da tarde de domingo (27). Devido a gravidade das lesões, não resistiu e faleceu no posto de saúde. O ex-marido, Jair Kreulich, foi preso horas depois em São Vendelino.

Conforme apurado pela Polícia Civil e também flagrado por câmeras de segurança, Jair largou o corpo de Deise na rua pouco antes das 17 horas. Ele dirigia uma caminhonete branca e fugiu, com um dos filhos do casal, um menino de 2 anos. Após o crime, ele seguiu em direção à Serra. No caminho, abandonou a criança em um posto de combustível e, já em São Vendelino, se deparou com uma viatura da Polícia Rodoviária Federal. Jair capotou a caminhonete e fugiu para um matagal. Quatro horas depois, foi capturado.

Mudança recente

Jair e Deise moravam há pouco tempo em Araricá. Ela deixa enlutados cinco filhos, sendo quatro do relacionamento com Jair. No domingo, o corpo da vítima foi visto por um homem que fazia corrida na R. Felipe Diefenbach. Jair largou o corpo da mulher no trecho mais perto da área de mata, no entanto, uma câmera de segurança flagrou o exato momento que ele abriu a porta do carona, estando do lado da direção, e a empurrou. A suspeita é de que o filho de 2 anos estava no carro neste momento. Deise tinha inúmeras marcas de espancamento e um tiro do lado esquerdo na cabeça.

Temia por sua segurança e dos filhos

O Poder Judiciário já havia expedido uma medida protetiva para Deise. No dia 18 de novembro, nove dias antes de ser morta, ela procurou a polícia e relatou que sofria ameaças e temia pela sua segurança e dos filhos. Em ocorrência, ela contou que vivia com Jair há seis anos e que nos últimos tempos estava sofrendo ameaças e violência verbal e isso ocorria em razão do ciúmes excessivo. Ele também alegava que estava sendo perseguido e, por isso, mudaram de Novo Hamburgo para Araricá. Deise contou, ainda, que Jair tinha arma de fogo e, por isso, passou a temer por sua integridade física e dos filhos. Diante disso, relatou que não tinha mais interesse em viver com Jair e queria ele afastado da residência. Deise entrou com representação criminal e pediu medida protetiva com urgência, que chegou a ser deferida, mas não evitou o fim trágico.

Polícia Civil apura detalhes do crime

Deise e Jair mantiveram um relacionamento por seis anos Foto: Arquivo pessoal

O inquérito que investiga a morte de Deise é liderado pelo delegado Clóvis Nei da Silva. Desde o momento que o corpo da vítima foi localizado, os agentes passaram a atuar e ainda buscam por informações para conseguir identificar a sequência de agressões que resultou no assassinato. Os policiais tentam, por exemplo, descobrir se ela foi agredida e morta dentro da caminhonete ou em algum outro lugar. Na madrugada de segunda-feira (28), quando foi preso, o ex-marido se reservou ao direito de permanecer em silêncio. Ele será indiciado por feminicídio e abandono de incapaz (por ter deixado o filho pequeno em um posto).