Morte em camping de Sapiranga traz à tona falta de documentação e de PPCI

Peritos estiveram no local da tragédia (Foto: Maicon Agostini)

Sapiranga – O que era para ser um passeio em família, se transformou em uma tragédia. Na manhã de domingo (12), uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas após a queda de uma ponte pênsil no camping Paraíso Verde, na localidade de Picada Verão, em Sapiranga.

A queda da estrutura trouxe à tona uma situação grave. Conforme uma nota divulgada pela prefeitura, o camping não era regularizado. “O local não possuía regularidade com o Município, que faz as fiscalizações periodicamente conforme a abertura desses estabelecimentos. Este local, em específico, não possui autorização municipal para funcionar. A prefeitura ressalta que a cidade conta com uma extensa área rural e muitas propriedades acabam abrindo para visitação por conta própria”, afirmou a nota.

Em contato com o Corpo de Bombeiros, que atuou no resgate, o camping também não possuía Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI). “Eles não têm alvará do Corpo de Bombeiros. A responsabilidade é do proprietário do estabelecimento em conseguir todas as documentações necessárias. Junto aos bombeiros, não houve apresentação de plano de prevenção”, informou a corporação.

Desde domingo, a Polícia Civil de Sapiranga está atuando no caso. A investigação está sob o comando do delegado Clóvis Nei da Silva, que tem ouvido as partes envolvidas. Uma equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) esteve no local para colher materiais que possam ajudar a elucidar as causas do rompimento da ponte.

SOBREVIVENTES

A vítima fatal e os feridos são da mesma família. Gilmar Dias, 50 anos, chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do hospital. Taís Dias, 21 anos, sofreu fratura em um dos braços e também se feriram Heloísa Candia, 19, Djonatan Candia, 27, e Gabriel Dias, 23. Todos já receberam alta hospitalar.

O delegado Clóvis conta que a direção do camping já prestou depoimento e, nos próximos dias, serão ouvidos os sobreviventes, únicas testemunhas oculares do ocorrido. “Pretendemos ouvi-los para saber como foi a dinâmica do acidente. A ordem que estavam, como foi a queda, qual ponto cada um estava”, disse.

Momentos de pânico

O resgate das vítimas foi feito pelos bombeiros e Samu de Sapiranga e Dois Irmãos. Quando os socorristas chegaram, Gilmar já havia sido carregado pelas escadarias. As demais vítimas ainda estavam no local da queda. Devido ao calor, havia pouca água no riacho, deixando pedras em evidência. “As pessoas estavam apavoradas. Pouco a pouco, fomos socorrendo às vítimas, subindo escadas estreitas e com ajuda de populares. Foi complicado, mas conseguimos”, disse um dos bombeiros.

NOTA DO CAMPING 

Nas redes sociais, o camping se manifestou por nota, afirmando que “está tomando todas as medidas cabíveis para elucidar as causas e reparar as suas consequências. Estamos colaborando com as autoridades competentes e não medindo esforços para com os familiares das vítimas. Estamos todos enlutados e chocados com o ocorrido. Que Deus abençoe todos os atingidos pelo evento e os conforte”.

Pessoa querida pelos amigos e família

O acidente ocorrido no camping chocou toda a região. Muitas pessoas que frequentavam o local lamentaram o ocorrido e desejaram força para a família. Gilmar era morador de Sapiranga e o sepultamento ocorreu na segunda-feira, no cemitério Parque Municipal de Sapiranga.

Ele era presidente da comunidade da Capela São Paulo, no bairro São Jacó. “A nossa comunidade presta os mais sinceros sentimentos a toda família e amigos, que Deus conforte o coração de vocês e dê o descanso eterno a nosso querido amigo”, lamentou a capela, em nota. “Descanse em paz, querido amigo. Está difícil, mas sua alegria e alto astral ficarão para sempre nas nossas lembranças”, escreveu uma amiga. Gilmar deixa enlutados a esposa e dois filhos, que sobreviveram ao acidente.