Morte de recém-nascido: polícia descobre que disparos na briga foram feitos por vizinho em Sapiranga

Arthur morreu com apenas oito dias de vida. Ele era amamentado quando iniciou a confusão na rua de casa (Foto: Arquivo pessoal)

Sapiranga – A investigação sobre a morte de um bebê com apenas oito dias de vida na madrugada do último domingo (24), em Sapiranga, teve um novo desdobramento.

Os tiros efetuados durante a briga generalizada na rua Melissa, no bairro Centenário, que assustou a família e pode ter sido a causa da morte do pequeno Arthur dos Santos, não partiram dos envolvidos na confusão. Segundo a Polícia Civil, imagens de câmeras de segurança da rua mostram que os disparos partiram de um vizinho. Os policiais, coordenados pelo delegado Fernando Branco, apreenderam duas pistolas na casa deste morador. Ele tinha registro das armas, mas elas seguem apreendidas. O homem relatou que sua intenção era parar a briga, por fim na gritaria e na depredação de um carro. Ele também disse que não atirou em direção ao grupo, mas ao mato.

A confusão iniciou em um bar da Av. Mauá, quando duas mulheres em um Gol bateram em um Focus no momento que deixavam o local. Na sequência, o próprio Focus e mais um Meriva passaram a seguir o Gol, com a intenção de que a condutora se responsabilizasse pelo estrago. Na perseguição, os três foram parar na rua Melissa.

Inquérito em andamento

Encurralados na rua sem saída, iniciaram os gritos, ameaças de morte e os homens quebraram vidros do veículo Gol. O delegado Branco conta que todos os envolvidos na briga já foram ouvidos (cinco homens e duas mulheres), assim como os pais. “Sobre o bebê, só será possível confirmar a causa da morte através dos laudos periciais”, disse ele. Questionado sobre possíveis indiciamentos, Branco resume que cada um deverá responder de acordo com sua conduta.

IMAGENS AUXILIAM A POLÍCIA

As imagens captadas por câmeras de segurança estão ajudando a Polícia Civil a entender a sequência dos acontecimentos daquela madrugada. As primeiras imagens mostram os três veículos se aproximando da rua Melissa, sem saída. Em um dos carros, um caroneiro tenta descer antes mesmo do carro parar. Outras imagens, que não chegaram a ser divulgadas, mostram o momento que o vizinho efetua os disparos. Entre os investigados na briga, todos moradores de Sapiranga, alguns possuem antecedentes criminais.

“MORREU NOS MEUS BRAÇOS”

Ainda muito abalados, os pais conversaram com a equipe do Repercussão. Eles relatam que Arthur era amamentado quando ouviram o barulho dos carros, gritos, ameaças e tiros. O pai saiu do cômodo, desligou as luzes e tentou ver o que acontecia do lado de fora. Os dois imaginaram que se tratava de um arrastão nas residências. Quando o pai percebeu que cessou o barulho, retornou para onde estava a esposa e o filho. “Na hora que ele voltou para ficar do meu lado, eu estava no chão, com ele (Arthur) pertinho de mim. Ele não estava mais respirando, tentamos abrir os olhos, e não deu. Saímos e vimos a polícia. Me levaram para a UPA, chegando lá, ele já estava amarelo e com boca roxa; ele morreu nos meus braços”, relembra a mãe, em lágrimas. O casal irá se mudar de Sapiranga. “Não tem como ficar, as lembranças da casa são terríveis”.