Mãe e madrasta presas por torturar irmãs em Sapiranga; corpos estão repletos de hematomas

Policiais civis prenderam as duas acusadas no Porto Palmeira Foto: Polícia Civil

Sapiranga – As marcas da violência estão por todo o corpo. Os hematomas, denunciam agressões constantes. Algumas remetem há poucas horas, outras há dias e semanas. Duas irmãs foram resgatadas da própria casa pela Polícia Civil e Conselho Tutelar após sofrerem torturas por parte da própria mãe e madrasta na localidade de Porto Palmeira, em Sapiranga.

 

O caso monstruoso chegou às autoridades através de denúncias. As irmãs, de 7 e 10 anos, conforme testemunhas, eram espancadas com socos e pauladas pela mãe, de 30 anos, e madrasta, de 43. Além das agressões, que também aconteciam com vassoura, as meninas eram obrigadas a ficar de joelho sobre uma tábua e eram alimentadas no chão. As meninas foram encaminhadas para atendimento no UPA, quando as lesões por espancamento foram confirmadas, assim como o diagnóstico de desnutrição. Assim que a Polícia Civil, coordenada pelo delegado Ayrton Martins Júnior, foi acionada pelos conselheiros tutelares, mãe e madrasta foram presas por tortura e maus-tratos das próprias filhas. As prisões ocorreram na segunda-feira e o caso foi apresentado na DP de Novo Hamburgo. Após, as duas seriam encaminhadas para um presídio feminino. Os nomes dos envolvidos não estão sendo divulgados para preservar a imagem das crianças, como rege o Estatuto da Criança e do Adolescente.

 

UMA SITUAÇÃO CHOCANTE DEMAIS

O chefe da investigação, Carlos Medeiros, que atuou na prisão da mãe e madrasta, ficou surpreso tamanha a crueldade com que as irmãs eram agredidas dentro de casa. “O que surpreendeu foram os relatos das crianças. Quando perguntadas pelas autoridades policiais, começaram a relatar cada hematoma e alguns não sabiam precisar de quando era. Eram hematomas recentes e mais antigos. NA UPA, conforme relatos, umas das médicas chorou ao fazer exames nas crianças, devido as marcas novas e antigas. Realmente, foi algo impressionante; chocante. Há situações que ainda nos impressiona, mesmo com tantos anos de polícia”. As crianças tinham os cabelos curtos, pois elas haviam cortado e vendido. O pai ficou bravo e as acusadas chegaram a registrar ocorrência contra ele por isso.

 

“Um dos casos mais horríveis que já atendemos”

Toda violência praticada contra as irmãs, só cessou porque alguém soube do terror praticado e denunciou ao Conselho Tutelar. “Recebemos a denúncia de que as crianças eram torturadas. Fomos até a casa e conduzimos as duas irmãs para a realização de exames na UPA. Quando confirmadas as agressões, chamamos a polícia, momento que a mãe ficou bastante nervosa e queria agredir um conselheiro. De todos os anos que trabalho junto ao conselho, este foi um dos casos mais horríveis”, disse o conselheiro. Os detalhes relatados pelas crianças são chocantes. Uma das irmãs estava com uma orelha bastante machucada e a denúncia é de que uma das acusadas a puxava com tamanha força que praticamente erguia a criança do chão. “Elas também relataram castigos físicos, agressões com cabo de vassoura. As vezes, quando eram colocadas de castigo, precisam sentar no chão”. As crianças eram ameaçadas caso contassem alguma coisa a alguém, principalmente quando os conselheiros tutelares visitavam a casa com o intuito de fiscalizar o comportamento das tutoras.

Suspeita é de meses de violência

Atualmente, as crianças não estavam frequentando a escola. Desde que as aulas presenciais retornaram, a mãe manteve as filhas em casa, sem estudo presencial. A suspeita, com base em relatos, é de que as agressões estariam ocorrendo desde o mês de fevereiro deste ano.
O Conselho Tutelar pede que denúncias sejam feitas para o órgão ou também em instituições como Polícia Civil e Brigada Militar. “As pessoas não precisam se sentir intimidadas e com medo, as denúncias são mantidas em sigilo. Com a denúncia, você pode estar salvando uma vida”. Os telefones do Conselho Tutelar são 3959-1010 (comercial) e (51) 997075087 (plantão).