Investigações buscam saber se falha no oxigênio foi a causadora de mortes no Hospital Lauro Reus

Peritos do Instituto Geral de Perícias estiveram no hospital logo após o ocorrido para fazer levantamento técnico e criminal (Foto: IGP)

Campo Bom – Passados quase 15 dias, muitas perguntas ainda seguem sem respostas. Investigações estão em andamento para apontar o que provocou a instabilidade no sistema de distribuição de oxigênio do Hospital Lauro Reus na manhã da sexta-feira, dia 19. Cerca de 26 pacientes com Covid-19 estavam intubados e, logo após o problema, seis deles faleceram. Um sétimo paciente morreu horas depois.
As investigações que estão em andamento buscam descobrir a causa da falha no sistema de distribuição e apontar se as mortes dos pacientes foram causadas em decorrência dela. Até o momento, conforme informações do delegado Clóvis Nei, que está à frente do caso na Delegacia de Polícia de Campo Bom, quatro famílias de pacientes que vieram a óbitos já registraram ocorrência e prestaram depoimento. Conforme levantado na manhã do ocorrido, por cerca de 30 minutos, houve instabilidade na distribuição de oxigênio e as equipes de profissionais tiveram que agir às pressas para substituir o atendimento por cilindros portáteis. O delegado também está ouvindo testemunhas, desde profissionais que aturaram no momento do episódio até familiares de pacientes que acompanharam toda a ação ocorrida na casa de saúde naquela manhã. A equipe também aguarda os laudos do IGP e demais documentos solicitados aos administradores do hospital. “Estamos investigando”, diz ele, sem entrar em maiores detalhes.

CPI DA CÂMARA DE VEREADORES 

A Câmara de Vereadores instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos. Jerri de Moraes é o presidente, enquanto Adilson Tareco é o relator. Victor Souza é vice-presidente, Sandra Orth secretária, e Jair Wingert o 2º secretário. Os demais parlamentares também participarão como membros, acompanhando os desdobramentos. As oitivas ocorrerão nas quartas à tarde, na sede do Legislativo. O prazo para conclusão é de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 30, se necessário.

Prefeitura aguarda parecer dos processos e Conselho da Saúde faz questionamentos

Em contato com o prefeito Luciano Orsi, ele respondeu através de comunicado que a Administração aguarda a apresentação do relatório da sindicância do hospital para poder compreender as causas motivadoras do ocorrido. “Em relação às ações que a Prefeitura Municipal está procedendo frente ao ocorrido, podemos sinalizar que, além do pronto apoio nos recursos necessários quando do fato ocorrido, imediatamente solicitamos esclarecimentos sobre o ocorrido e sobre o plano de contingência acionado, bem como designou um membro para acompanhar a sindicância junto ao hospital”, informou a nota.
O presidente do Conselho da Saúde, Paulo Alberto Francisco, diz que o “nosso conselho é muito atuante e somos detalhistas. Vínhamos acompanhando o trabalho na saúde e hospital, e já tínhamos apontado algumas coisas em atas, que deveriam ser observadas com um olhar mais preocupante. O número de procura no hospital cresceu muito, e a gente perguntava se a capacidade do hospital comportava, se as manutenções estavam sendo feitas regularmente, pois tu sair de seis leitos da UTI e passar para 20 faz muita diferença. Já colocávamos isso em ata, sobre oxigênio, manutenção e sobre a questão financeira da casa de saúde. Pois, se tu tens um déficit, como tu vais repor ou se manter? São essas questões que precisam ser respondidas. Já conversamos com a promotora e vamos acompanhar todas as investigações que estão em andamento. Nos próximos dias haverá uma reunião, inclusive, para saber em que fase andam os trabalhos”.

O que eles dizem

João Paulo Berkembrock, secretário de Saúde. “Desde o início estamos acompanhando tudo, todas as frentes, Polícia Civil, Ministério Público, sindicância, e esperamos que os questionamentos sejam respondidos o mais rápido possível”.

Jerri de Moraes, presidente da CPI. “A Câmara tem obrigatoriedade e tem interesse em esclarecer o que ocorreu, também com a intenção de prevenir que futuramente nada nem parecido volte a acontecer no hospital”.

Hospital se manifestará após conclusão

O assessor do Lauro Reus, Lannes Osório, relatou que a direção do hospital está cooperando com a Secretaria Estadual de Saúde, SUS, Ministério Público, Polícia Civil e CPI da Câmara. “Junto com isso, está dando andamento a sua sindicância interna. Estão sendo solicitados laudos, perícias e quando tudo for entregue ao MP e a promotoria se pronunciar, juntamente com ela, daremos um comunicado à comunidade.

Segundo Lannes, a casa de saúde segue prestando toda atenção necessária às famílias quanto aos pacientes atendidos diariamente, com a capacidade ainda acima do limite. “Assim que tiver uma finalização do Ministério Público, aí sim nós iremos nos manifestar. Vamos primeiro esperar essa parte da coleta de dados”, reitera o assessor do hospital.