Estelionatários de Nova Hartz são presos por golpes aplicados em pelo menos três estados

Segundo criminoso, acusado de recrutar proprietários de contas foi preso dias atrás (Foto: Polícia Civil)

Nova Hartz – A Polícia Civil de Nova Hartz conseguiu desarticular um grupo criminoso que atuava na prática de estelionato. Os líderes eram moradores de Nova Hartz e fizeram vítimas em pelo menos três estados, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Foram mais de dois anos de investigação que culminou em duas prisões, sendo a última delas na semana passada.

 

O inspetor Tiago Torma da Rocha relata detalhes do inquérito que contou, na sua maior parte, com coordenação do delegado Fernando Branco e, agora, na reta final, do delegado Rogério Baggio. “A investigação iniciou a partir de dois registros de ocorrências com moradores de Nova Hartz, vítimas do golpe”. O crime funcionava da seguinte forma: os golpistas anunciavam a venda de carros mais antigos, que normalmente são utilizados em trabalhos mais pesados, através de anúncios pela internet. Para que ocorresse a autorização do envio do veículo para o comprador, era necessário pagar um valor de entrada. No entanto, após os depósitos, as vítimas não recebiam os veículos. Os prejuízos variaram em valores entre 6.000,00 e 1.500,00.

Com o passar das investigações das vítimas de Nova Hartz, a delegacia começou a receber ocorrências de fora do Estado, visto que a origem das contas bancárias eram da cidade. “Eles recrutavam jovens carentes para emprestar suas contas e, através delas, recebiam os valores depositados das vítimas. Pelo que apurado, esses jovens recebiam entre R$ 100,00 e 200,00 para fazer esse ’empréstimo'”, explica o inspetor. Os veículos anunciados pelos criminosos existiam, no entanto, os verdadeiros donos não estavam vendendo. “Por exemplo, em um dos casos, o carro era de Barra do Ribeiro, mas o proprietário não sabia da venda. Os documentos repassados para as vítimas eram falsificados”. As vítimas de outros Estados, como Santa Catarina e São Paulo, foram ouvidas através de videochamadas. Com base em todo levantamento da investigação, a justiça deferiu os dois mandados de prisão preventiva. “Estes são os dois principais da quadrilha. Um deles articulava, postava e fazia o esquema. O outro recrutava os jovens e ajudava no restante do esquema”.

 

Mais vítimas

A delegacia está com quatro inquéritos abertos. Três já estão sendo remetidos com o indiciamento da dupla. Um quarto, de outro estado, a delegacia está buscando a vítima para saber se ela quer representar criminalmente. Os policiais acreditam que a dupla pode ter feito mais vítimas no Estado e fora. “Sabemos o quanto é difícil investigar o crime de estelionato, ainda mais quando envolve mais estados. Acreditamos que algumas ocorrências podem ainda não ter chegado até nós e outras que as vítimas podem ter optado em não registrar, achando que não aconteceria nada”, comenta o inspetor. A restituição do dinheiro às vítimas ficou prejudicada, pois, “pelo que apuramos, o dinheiro conseguido era utilizado para festas; ganhavam de dia para gastar à noite”.

 

Delegados e inspetor, com a palavra

Fernando Branco, delegado de Sapiranga. “Investigamos um grupo que praticava golpes virtuais através da rede mundial de computador, em um site de compra e venda na internet. Era uma célula atuante em Nova Hartz”.

Rogério Baggio, delegado de Nova Hartz. “O delito de estelionato é muito difícil de chegar na autoria. Nesse caso, conseguimos e efetuamos prisão. A repressão deste crime é fundamental, pois evitamos novas vítimas”.

Tiago Torma da Rocha, inspetor em Nova Hartz. “Nos dedicamos por mais de dois anos para conseguir identificar os líderes e também buscar todas as informações com vítimas. São crimes difíceis, mas conseguimos elucidar”.