Delegacia de Polícia de Sapiranga apreende aviões e carros após sumiço de Celso Tonon

Sapiranga – Um homem, de 29 anos, natural de Minas Gerais, está preso preventivamente, há 60 dias, acusado pelo latrocínio (roubo seguido de morte) de um dos fundadores do antigo hangar existente no Aeroclube de Sapiranga. Atualmente, o local está desativado, mas o hangar abriga parte do patrimônio aeronáutico pertencente a Celso Tonon, 58 anos. Desaparecido desde junho, a vítima possui bens entre aviões, peças e veículos que ultrapassam R$ 500.000,00. Entre a lista de aviões pertencentes ao aviador está um monomotor Bonanza, considerado uma jóia rara da aviação.

Uma denúncia sobre o desaparecimento de Tonon foi o ponto inicial da investigação da Polícia Civil de Sapiranga. Por vários meses, os agentes acompanharam indivíduos suspeitos e ligados à Celso Tonon, até a identificação do único preso até o momento. Este acusado se apresentou à vítima, antes da morte, como um mecânico de aeronaves. Porém, no transcurso da investigação, foi constatado que, na realidade, o indivíduo era um golpista e enganou Tonon para obter vantagens através da venda do patrimônio. Nas redes sociais, o falso mecânico passou a vender o patrimônio do aviador, despachando itens aeronáuticos para diversos estados do país, como Santa Catarina, São Paulo e Paraná.

Ao todo, Tonon possuía oito aviões no seu hangar (cinco completos e três incompletos). Rapidamente, o acusado pelo latrocínio de Tonon começou a liquidar os bens, levantando entre R$ 140.000,00 a R$ 200.000,00 com a venda indiscriminada do patrimônio alheio.

Indivíduo premeditou morte de Tonon e ofereceu recompensa para cúmplices

Indícios levam a crer que a execução de Tonon ocorreu entre 7 e 8 de junho. Essa constatação encontra base na revelação feita pelo golpista, para dois contatos, que Celso Tonon havia morrido. Premeditando que ficaria com o patrimônio milionário em aviões, motores, peças de aeronaves, motor-home e carros antigos de Tonon (incluindo dois Mercedes Benz, 1980, avaliados em mais de R$ 100.000,00), o acusado acelera negociações (com preços abaixo do mercado) para reunir a maior quantidade de dinheiro possível, antes de fugir de Sapiranga. Neste processo de venda, o acusado comercializou, irregularmente, carros, caminhões e até mesmo um ônibus/motorhome que a vítima utilizava como residência. No hangar, restaram três aviões, que foram apreendidos. Para driblar aspectos documentais, o acusado redigia notas de doação, tentando justificar que o bem que estava vendendo, na realidade, estava sendo doado como sucata.

Diversos veículos da vítima foram retirados do hangar e vendidos, possivelmente, para honrar a dívida do acusado com os executores contratados. A localização do corpo de Tonon é desconhecida, mas existem indícios de que a vítima foi executada em outro estado e os restos mortais queimados. Receptadores das peças serão investigados e se identificados, indiciados.

O delegado substituto de Sapiranga, Clóvis Nei da Silva, avaliou a prisão. “No período da investigação, foram obtidos vários elementos de indícios e provas para obter a prisão do acusado, tudo para ficar com os bens, poder vender e auferir valores com isso. Existem bastante indícios no inquérito. Diligências estão em andamento ainda”, citou o delegado Clóvis Nei da Silva.

Fique por dentro

No processo de investigação, a Polícia Civil percebeu que o preso, de 29 anos, estava anunciando aeronaves, motores e peças diversas, todos pertencentes à Tonon. Logo após receber autorização para ter acesso ao seu smartphone, os policiais conseguiram montar a sequência fática do latrocínio. Testemunhas revelaram aos policiais que foram sondadas para executar Tonon à pedido do falso mecânico, oferecendo inclusive, indevidamente, parte do patrimônio de Tonon como forma de pagamento. Sem convencer moradores locais, o preso na operação, arquitetou a morte do seu ex-chefe, provavelmente, com pessoas de fora do Rio Grande do Sul. Estes, teriam levado Tonon para longe do aeroclube e executado a vítima.