Danilo Santana, líder do esquema D9, leva vida de luxo em Dubai e revolta centenas de vítimas

Sapiranga – Tudo o que, no Brasil, poderia ser feito para que se concretize a extradição pelos Emirados Árabes, de Danilo Santana, líder e criador da D9 Trader, foi realizado e entregue às autoridades árabes.

Mas, enquanto a resolução não acontece, o réu segue vivendo uma vida de luxo e conforto no país árabe, realidade que, segundo o promotor de Justiça, Sérgio Cunha de Aguiar Filho, não tem como ser controlada pelas autoridades brasileiras, que não recebem nem mesmo informações precisas sobre o caso, justamente porque o Brasil não possui acordos diplomáticos com os Emirados, como por exemplo, um tratado de extradição, o que permitiria que Danilo fosse mais facilmente enviado para o Brasil, quando do decreto da sua prisão.

Tudo começou em agosto de 2017, quando foi deflagrada a operação que investigou o grupo e apreendeu valores, carros de luxo e documentos.

A investigação, conduzida em conjunto por MP e Polícia Civil, resultou em um primeiro processo com 23 réus, acusados principalmente, de formação de organização criminosa e crime contra a economia popular, totalizando 29 crimes. São centenas as pessoas na região prejudicadas pelo esquema. Hoje, o andamento do processo depende da extradição de Santana.

Criador da D9 deveria estar cumprindo prisão domiciliar

Para analisar o pedido de extradição, os Emirados Árabes fizeram uma série de exigências burocráticas e documentação traduzida e juramentada. Toda a papelada já foi enviada para o país, que agora analisa a documentação. O promotor informou nesta quarta-feira, 16, que não há novidades sobre o processo e que irá pedir, ainda nesta semana, informações junto à embaixada, em relação ao pedido de extradição e quanto a eventual alteração da situação do réu nos Emirados. Danilo Santana, natural da Bahia, tem residência estabelecida no país asiático e hoje deveria estar em situação similar a uma prisão domiciliar brasileira. Lesados pelo esquema enviaram ao Repercussão fotos e vídeos que explicitam a vida com certa liberdade do réu no país, fato que tem revoltado as vítimas. Aguiar esclarece que a situação em Dubai foge do controle da justiça brasileira, que segue no aguardo da extradição.

 

Fatos claros

O processo depende da extradição de Santana para seguir o curso normal. Os fatos, conforme o promotor já havia informado no ano passado, estão bem claros, assim como a prova contra o acusado. Para que aconteça o ressarcimento dos valores aos lesados, é preciso haver a condenação dos acusados, para a então formação de um título executivo. A partir disso, cada pessoa lesada poderá apresentar as provas do seu prejuízo, sendo ressarcida. “Elas se habilitam e se ressarcem daquilo que conseguirem provar. A gente tem recurso suficiente para ressarcir as vítimas do nosso processo. Foram retidos bens, contas bloqueadas, muitos veículos”, elucidou à época, o promotor.

Orientação às vítimas

Promotor Sérgio de Aguiar Filho

A orientação do MP e da PC às vítimas que procuraram as autoridades foi de imprimir os prints das telas em que apareciam os valores “investidos”. Dessa forma, o ressarcimento ocorrerá de forma mais tranquila ao final do processo. Cerca de R$6 milhões – entre contas bloqueadas e bens, como veículos de luxo – é o valor que garante o ressarcimento dos lesados.

 

 

Golpe prometia ganhos rápidos

No golpe, que prometia ganhos imediatos entre 30 e 150% do investimento, através de apostas em eventos esportivos, os apostadores tinham os valores revertidos em bitcoins (moeda virtual), e depois disso não conseguiam mais sacar o montante “aplicado”. A D9, assim como muitos esquemas de pirâmides, tentava mascarar a atuação através de uma atividade comercial. Para não se caracterizar como tal, o negócio precisa se manter com a venda de um produto.

Texto: Sabrina Strack

Fotos: Arquivo Pessoal