Crescente onda de furtos e roubos de veículos assusta

Escalada | Crimes contra o patrimônio geram insegurança na população que se sente acuada e com medo

Região – “Somos obrigados a ficar trancados dentro de casa enquanto os marginais andam livremente por aí”. Foi desta forma que uma sapiranguense (que não será identificada nesta reportagem) expôs sua indignação após ver o veículo da família – uma pick up Corsa – ser furtada na Rua Getúlio Vargas, no mês de julho. Detalhe, os quartéis da Brigada Militar e da Polícia Civil ficam a menos de cem metros do local. Além de comprovar a audácia dos bandidos (nem a proximidade com os comandos das polícias intimidaram os meliantes) o fato expõe outro problema. As estatísticas de furto e roubo de veículos crescem ano a ano.

Em Campo Bom, houve uma queda no furto de veículos de 2013 para 2014 de aproximadamente 17%. No roubo de veículos (quando os bandidos atuam armados), entretanto, houve um aumento de 94%. Em Sapiranga, de 2013 para 2014, houve um aumento de 26% nos casos de furtos e roubos de veículos. Somente em 2015 os municípios da região (ver tabela ao lado) registraram 246 furtos de veículos e 126 roubos.

Busca de explicações

A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, com sede em São Leopoldo e que atua em todo o Vale do Sinos, foi procurada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos. Conforme o delegado de Campo Bom, Clóvis Nei da Silva, as quadrilhas que praticam este tipo de crime estão sediadas em Campo Bom, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Sapiranga, Taquara e Parobé.

Para entender como é calculado o valor do seguro dos veículos, a AGM Seguros de Sapiranga foi consultada.

Modus operandi

Conforme o delegado de Campo Bom, Clóvis Nei da Silva, o número de furtos e roubos de veículos é expressivo há anos no município. “Em geral, os furtos de veículos têm o componente da extorsão, onde são solicitados resgates por parte dos ladrões para a devolução dos veículos aos proprietários. A redução do furto de 2013 para 2014, pode ter sido em razão de prisões de diversos autores e de líderes de quadrilhas”, esclarece Clóvis. Com relação aos roubos, o delegado conta que em 2014 ocorreram muitos roubos a residência com roubo de veículo conjuntamente. “Houve também muitos roubos de motocicleta. No final do ano passado e no corrente, foram presos vários indivíduos autores de roubos de veículos e a tendência é que os indíces caiam, como se observa nos números até o mês de julho”, cita o delegado.

Entre os métodos utilizados pelas quadrilhas estão o uso de bloqueadores de alarme. No furto de veículos, os ladrões costumam levar os veículos mais antigos, entre 1990 e 2000, pois possuem menos aparatos de segurança. “Os proprietários não possuem seguro, o que leva à extorsão por parte dos autores do furto. Aproveitam-se dos dias de quinta a domingo para prática do furto e realizam a extorsão nos finais de semana”, comenta o delegado. No roubo, os ladrões levam os veículos mais modernos que acabam sendo usados no roubo a residência, comércios ou bancos. “Às vezes, ainda são encaminhados para outros estados e acabam clonados para o tráfico de drogas e contrabando.”

O crescente número de roubos e furtos de veículos também impacta na contratação de seguros de veículos. O seguro de um carro popular (Palio 2013), por exemplo, pernoitando em Sapiranga, custa R$ 1.285,73. O mesmo seguro, mas com o carro pernoitando em Campo Bom, custa R$ 1.331,94, ou seja, R$ 46,21 mais caro (4,6% a mais do que em Sapiranga), onde o furto e roubo de veículos é menor do que no município campo-bonense.

Conforme Ivan Bratz, da AGM Corretora de Seguros, as seguradoras não levam em conta somente as estatísticas de furto e roubo em relação a uma determinada cidade, mas também em relação ao perfil de condutores e o modelo de veículos roubados. ”As estatísticas mostram que em Campo Bom existe um índice maior de roubo e furto do que em Sapiranga. Porém dentre os veículos roubados, em Sapiranga roubaram 25 Palios e em Campo Bom foram 13, isso implica que em Sapiranga a taxa de seguro para um Palio deveria ser maior do que em Campo Bom. Cada seguradora tem um critério de avaliação diferente das demais”.