Com projeto pioneiro no Estado, DP de Sapiranga faz buscas com dois cães

Medeiros e Luciano em treinamento com Lúcifer no terreno cedido por morador (Fotos: Melissa Costa)

Sapiranga – Há quase dois anos, nascia na Delegacia de Polícia de Sapiranga um importante e pioneiro trabalho no Rio Grande do Sul: o projeto K9. A DP sapiranguense é a única delegacia de circunscrição que possui projeto com cães próprios. Fora isso, somente departamentos especializados, como a Divisão Estadual de Narcotráfico (Denarc), possuem este trabalho com cachorros treinados para buscas.
A delegacia de Sapiranga conta com dois cães: Lúcifer, de dois anos, e o filhote Ades. O primeiro já participou de importantes operações na cidade, culminando com localização de drogas, e também na busca por corpos, como na última semana, quando um rapaz de 19 anos morreu afogado em Sapiranga e, no início do ano, na localização do corpo de uma vítima de homicídio em Araricá.
O chefe da investigação, Carlos Medeiros, conta que a delegacia de Sapiranga sentiu a necessidade de expandir as investigações e decidiu pela busca de parceria para colocar em prática o projeto. “Como passamos a sentir necessidade de ampliar a investigação, para evitar certos sistemas de burlagem do sistema paralelo do tráfico de entorpecentes, a gente veio com essa parceria da Polícia Civil e Prefeitura”. O Poder Público custeia o adestrador, Luciano Santos Silva, um morador cedeu um terreno para os treinos e também há parceria para alimentação.

Canil construído na delegacia 

Um canil foi construído junto à delegacia e o espaço recebeu todos os cuidados. “Construímos o canil com controle de temperatura para os animais terem conforto, assim como há sistema de iluminação e sirene, pois em um período os cães estavam latindo e isso não pode virar problema para a comunidade. O canil tem espaço para três cães e foi feito com todo o cuidado e proteção”, conta Medeiros, salientando ainda a parceria com profissionais. Dias trás, Lúcifer quebrou o dente canino e necessita de uma prótese. “A nossa delegacia, comandada pelo delegado Branco, tem grande carinho na comunidade e acredito que vamos conseguir ajuda, pois este é um cão de trabalho e precisamos disso para ter bons resultados”, completa Medeiros.

“É uma ferramenta valiosíssima”, diz investigador

Os treinos dos cães ocorrem junto ao terreno cedido, nos fundos da delegacia. Desde que o projeto efetivamente passou a funcionar, já apresentou importantes resultados nas operações, coordenadas pelo delegado Fernando Branco.
O chefe da investigação pontuou algumas “conquistas” dos cães no combate ao crime em Sapiranga. “O trabalho deles já foi notícia, inclusive no Repercussão. Foram localizadas drogas dentro de canos, em churrasqueiras e, principalmente, eles têm facilidade de encontrar em carro, em qualquer cantinho eles localizam. Algumas vezes, quando o indivíduo vê que o cão está sinalizando, ele logo confessa”, conta, lembrando ainda que na semana passada, o cão Lúcifer chegou a demarcar a região em que um rapaz de 19 anos havia morrido afogado durante as buscas. “É mais uma ferramenta valiosíssima no combate ao crime, extremamente eficaz. Claro que exige também investimentos, mas o resultado vem muito a somar na investigação, tanto que o auxílio de cães tem sido utilizado em operações policiais em todo o mundo”.

Pelo trabalho de muitos policiais

O faro dos cães é a principal ferramenta nas operações. É através do odor que eles localizam drogas ou até mesmo pessoas desaparecidas. Eles conseguem cobrir uma grande área em um tempo muito menor e com mais rapidez que os agentes. “Os cães, na sua função, em questão de minutos, valem por seis homens. Sem contar que o trabalho é feito, além de tempo menor, também desgaste muito menor. Imagina policiais vasculhando uma casa, o forro, quanto tempo levariam se comparado com a agilidade do cão nas buscas. Eles conseguem cobrir uma área muito maior, que fica difícil mensurar um comparativo”, ressaltou Medeiros, que realizou o curso de formação de cães de guerra na base aérea de Santa Maria.